28 abril 2003

Bom dia !!!

Só passei para deixar um ótimo dia a todos vocês, bom início de semana e fim de mês.
E um link interessante (abaixo) sobre o nosso secretário de segurança. Vejam:

“Com toda certeza Garotinho está mirando na sua candidatura à Presidência em 2006. Ele estava querendo ser secretário de Segurança desde antes da eleição da Rosinha”, afirma o cientista político Luiz Antônio Machado, do Instituto Universitário de Pesquisas do Rio de Janeiro (Iuperj). “É a última bala do revólver”, sentencia.

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Beijos!

27 abril 2003

O Segundo Caderno


Aqui em casa, temos o seguinte código de ética: quando chega o jornal, o primeiro que o pegar deve, cuidadosamente, separar o Segundo Caderno e posicioná-lo no seu devido lugar -o banheiro.

O Segundo Caderno é somente lido no instante em que a pessoa estiver, digamos, acertando as contas com suas particularidades fisiológicas. Uma leitura leve, despretensiosa, perfeitamente cabível num momento de relaxamento, quando não se deve tomar sustos com a nova subida da gasolina, mais um tiroteio na Linha Amarela, ou ordens do tráfico. Nada disso. A fim de zelar pela regularidade e pelo bem-estar do intestino, elegemos as notícias culturais e os quadrinhos para esse período íntimo e introspectivo.

O Segundo Caderno já está tão arraigado no nosso cotidiano domiciliar, que se tornou parte das leis da família. É expressamente proibido, por exemplo, ler o Segundo Caderno no sofá ou à mesa. Quem o fizer estará sendo antiético e até mesmo anti-higiênico, uma vez que a prática dos exercícios fisiológicos está intimamente ligada à leitura desse pedaço do jornal.

Caso a pessoa queira “ler o Segundo Caderno” (entre aspas) mais de uma vez no dia, fica valendo a Lei da Substituição, ou seja: ela pode lançar mão do Caderno Barra (quintas e domingos), Revista da TV (domingos), Rio Show (sextas), Prosa & Verso (sábados), ou ainda Revista Megazine (terças).

Por absoluta falta de condição literária, portanto, fica sendo considerado grave delito o ato de evacuar duas vezes às segundas e quartas.

(Para melhor cumprimento dessa lei, também pensamos no cardápio: domingos e terças, nada de frituras ou muitos temperos).

Para se ter uma idéia do quanto é levado a sério o código do Segundo Caderno, outro dia uma amiga me telefonou, e minha cunhada atendeu. Absolutamente constrangida, falando baixinho, avisou:

- Olha... a Bibi está lendo o Segundo Caderno... hehe... eu peço para ela te ligar daqui a pouco, tá?

Minha amiga não entendeu o que poderia haver de tão sério naquela leitura, que não podia ser interrompida.

E não pode mesmo. O Segundo Caderno é coisa muito séria.
Ainda o cartão de crédito

Certa feita, clonaram o cartão do meu pai. E ele descobriu a tramóia num hipermercado, após encher o carrinho de compras, ao ser barrado no caixa.

Isso foi em Belo Horizonte, em 99.

O nome do hipermercado? Extra!

- Filha, li no teu blog a história do cartão de crédito. Lembra quando clonaram o meu? Pois é, foi justamente no Extra! Sabe o que estou achando? Que eles barraram o teu cartão porque já conhecem o histórico da família... hihihi!

Coincidência pouca é bobagem.
Alou!

O Carioca da Gema estava, como sempre, “supimpa”. Teresa Cristina e sua banda sabem o que estão fazendo. O bar estava lotadão, como sempre, mas dava para dançar. Com um pouco de paciência e boa vontade.

Minha cunhada dizia: “Tem que se impor! Tem que se impor!”.

Nos (im)pusemos na fila do gargarejo. Noite 10.

25 abril 2003

Quem vai saracotear ao som da Teresa Cristina, hoje, no Carioca da Gema?

Eeeeeeeu !!!

Saudade da Lapa. Você não vem?
Meu cartão de crédito estava bloqueado porque atrasei uns dias o pagamento. Paga a fatura, esperei uns dias, e liguei para a central de atendimento às 8h da manhã de ontem:

- Eu gostaria de saber se o meu cartão já está desbloqueado.

- Sim, senhora. Está pronto para as compras.

Fui a elas.

Meio-dia, estou com o carrinho do supermercado cheio, e empaco no caixa.

- Não estão aceitando o seu cartão, moça.

Fui ao balcão, de onde tentaram de novo. Nada.

Ligaram para a central, lá do supermercado, e me colocaram no telefone com uma atendente. Ela me explicou que o meu cartão estava bloqueado para compras, por conta do atraso.

Ainda calma, esclareci que tinham me dado uma informação diferente, e só por isso eu saí de casa para fazer as compras do mês.

Ela não podia fazer nada. E me passou para outra moça, que me ouviu e argumentou a mesma coisa, depois me passou para outra moça, que fez o mesmo, e depois outra, e outra... enfim, moças intermináveis, mas sempre com musiquinha no meio.

Nisso, já havia uma dúzia de gente ao meu redor - atendentes, ajudantes, clientes esperando para ouvir moças e musiquinhas, e ainda curiosos querendo saber como a caloteira aqui iria se virar, e pensando - "bem feito, pegaram!".

Para a Juliana, a última das moças, solicitei o cancelamento do meu cartão de crédito. Já que não se podia fazer nada para reparar um erro que foi deles, eu desejava cortar qualquer vínculo com a empresa.

- Mas a senhora é cliente há tantos anos...

- Por isso mesmo, Juliana, eu achei que merecesse respeito.

Foi tudo em vão.

Resultado: a Juliana quis negociar. Acabei não cancelando o cartão, mas ganhando o resto das anuidades de 2003 grátis, por conta do mal entendido.

Mas o mico que eu paguei devolvendo as compras depois de tudo, como eles próprios dizem, não tem preço.

Vou à justiça. Me aguardem.
O empresário Roberto Medina, que agora vai fazer o Rock in Rio em Lisboa (??), disse, em entrevista para o jornal O Globo, que ainda nem pensou nos artistas que irão tocar no festival:

- Isso não é importante -, esclareceu.

Depois, ainda completou o pensamento. Afirmou que, se tivesse colocado uma vaca no palco do RiR III, em vez de shows de rock, as pessoas teriam ido do mesmo jeito. Que o negócio é a mídia.

Uma vaca.

Meu irmão, naquele estilo zen-irritado que ele tem:

- Ué, se a mãe dele não ficar constrangida com o público, acho até uma boa idéia...
O ingresso para a peça Intimidade Indecente, com Irene Ravache e Marcos Caruso, custa R$ 40,00.
Bota indecente nisso!
Jô Soares entrevistando o RPM. Paulo Ricardo dizendo que, quando a banda acabou, ficaram todos com um sentimento de arrependimento - que ficara uma coisa mal resolvida, etc.

Detalhe: quando ele virou cantor romântico, dava entrevistas dizendo que tinha "se encontrado" com aquele estilo, que jamais pensava em voltar a fazer rock, que o fim do RPM tinha ficado super bem resolvido. A praia dele era outra, enfim.

Perdi o respeito.

E, outra: realmente, ele deveria ter continuado cantando aquelas baladas românticas, porque o que se apresenta hoje como RPM é uma caricatura desgastada pelo tempo, uma reles releitura desbotada daquilo que já foi uma banda de rock original.
Quatro quarentões, visivelmente constrangidos, tentando seguir uma linha que se perdeu no tempo - e, não adianta, não volta mais.

Algo como uma crise de meia-idade no mundinho pop.

Poderiam (e poderíamos) ter dormido sem essa.
Com essa do Garotinho, fiquei até desplugada, desconexa, desnorteada.
Rosinha, não. Rosinha só deslavada.

23 abril 2003

Buenas, macacada!

Faz uma linda manhã de outono carioca. Hoje é dia de São Jorge, salve Jorge, estou animada e ninguém tasca. Apesar de um mosquito ter me tirado o sono à noite, a zumbir melodias enfadonhas nos meus ouvidos enquanto eu tentava puxar o ronco sagrado que me é de direito - mas não tem nada, não tem nada, nenhum inseto desafinado vai me tirar o prazer de viver, sobretudo a esta altura do campeonato, quando o verão bate as botas tão lindamente no Rio de Janeiro, levando consigo temperaturas indecentes, aglomerações quase obscenas nas praias, e turistas azarados que só vêm engordar os índices de assalto nesta cidade maravilhosa, e depois ainda saem falando mal.

Deixem-nos, a sós, com nossas belezas naturais, nossas mazelas criminais, e que tais - e retornem a suas pacatas residências européias, de rotinas triviais, de motivos florais, e quintais.

Estamos muito bem, à beira-mar mesmo, ou nem tanto, afundando um barquinho ou outro, enfrentando um trânsito de balas perdidas, enfim: vivendo e aprendendo a jogar.

Agora vou ao mundo, e que São Jorge nos proteja das maledicências e dos urubus à toa.

Hohoho.

20 abril 2003

recreio dos bandeirantes - rj



Este é o lugar onde eu moro.
Convidei meus pais para morarem aqui comigo, mas eles resistem.
Pode??

19 abril 2003

Coelhos & Telégrafos

Feliz Páscoa!

Hoje chegou um Sedex. Meu pai mandou, lá do RS:

- 3 caixas de chocolate de Gramado (sem os quais não há Páscoa de verdade),
- 1 exemplar da revista Rua Grande (da minha cidade),
- vários creminhos (eu) e pós-barba (meu irmão) da Avon,
- 1 porta-retratos com uma foto que ele tirou de mim quando veio nos visitar (o ó!),
- 1 porta-retratos com uma foto do meu irmão com a minha cunhada, que ele tirou... (idem),
- 1 recorte de jornal sobre uma gravadora que “abriu” na minha cidade, São Leopoldo. Chama-se “SL4 Music”, se não me engano.
- 1 CD que eu havia pedido, do Renato Borghetti (ao vivo, na Áustria. Maravilhoso).

Tudo isso – e mais alguma coisa que eu devo ter esquecido – veio dentro de uma caixa de espremedor de frutas Arno. Bem embaladinho, cheio de fitas adesivas, com meu nome bem em cima. E uns jornais amassadinhos, preenchendo o espaço vazio. Para não quebrar nada.

Pode dizer: ele é muito fofo!

Faz cinco anos que eu moro no Rio de Janeiro. Não fiquei uma Páscoa sequer sem receber esses doces carinhos via SEDEX.

16 abril 2003

“DOURE AS BATATAS” – da culinária enigmática


Gosto muito de ler. Leio revistas e livros de vários estilos, e leitura nenhuma me assusta – à exceção da culinária.

Acho o texto culinário, além de enigmático, um pouco mal intencionado. Por mais que tente, não consigo deixar de pensar que, “do outro lado”, alguém deve estar rindo de mim – enquanto tento fazer ingredientes, tigelas, eletrodomésticos e ordens expressas do tipo “DOURE AS BATATAS” entrarem num consenso antes que minha cozinha vire um crematório à milanesa.

Outro dia, no jornal, havia mais uma dessas enganações do tipo “trago a pessoa amada em três dias”. Dizia lá, bem no topo da página, em letras enormes: “receitas fáceis e rápidas para recém-divorciados”. Tá bom.

Dei uma espiadinha, quase querendo cair no conto deles. A primeira receita era de um frango empanado, muito fotogênico, aliás, mas cuja parte técnica era – como de praxe – uma embolação de termos vagos amarrados a verbos de significado duvidoso. Para fechar com chave de ouro: “sal a gosto”.

Vamos combinar uma coisa: se eu procuro uma receita, é porque não tenho a mínima idéia de como se faz aquilo. Portanto, não me venham com “sal a gosto”, que a única coisa para a qual o meu gosto tem talento é pedir uma pizza. Afora isso, por favor, medidas muito bem especificadas.

Outro problema do texto culinário é a falta de gentileza com quem, definitivamente, não entende do riscado. Eles costumam partir de pressupostos equivocados – como, por exemplo, que você “já sabe” fazer tal coisa, ou que determinado procedimento “é óbvio”; então, não precisa ser explicado.

Ledo engano. E, aqui, volto ao exemplo das batatas. “DOURE AS BATATAS”. Como assim?

Sem vergonha nenhuma, admito que não tenho a mínima idéia de como se deve dourar batatas. E, quando não se conhece a solução para um problema, a vastidão do universo passa ser considerada válida. Daí o desastre.

Posso tentar jogar as batatas numa frigideira com água e sal, bem como posso metê-las no microondas, ou ainda no forno a gás, com orégano, ou azeite, ou mostarda (para dar uma “corzinha”, vai saber?). Se nada disso funcionar, também posso levá-las até a praia e passar Cenoura e Bronze no corpinho delas.

Portanto, “DOURE AS BATATAS” é vago, muito vago. É como dizer “gire a chave, engate a primeira e acelere” – quando o sujeito não sabe nem para que servem aqueles pedais.

Pobres dos recém-divorciados que, como eu, pensaram que poderiam se ver livre das prateleiras dos congelados. Garanto que até tentaram empanar o tal frango fotogênico - que prometia mundos e fundos, mas, na verdade, não passava de mais uma conspiração covarde contra o consumidor.

Tenho para mim que aquelas “receitas fáceis e rápidas...” eram, na verdade, anúncio pago pelas redes de pizzaria com tele-entrega. Esses, sim, lucraram.

Má idéia, não é.

14 abril 2003



O nome desse cara é Fher Olvera, ele é vocalista do Maná - banda mexicana que muito aprecio há anos, e que agora vem tendo um destaque enorme no Brasil. Recém ganharam o Grammy de melhor disco de rock latino, e estão com música em novela; vocês devem ter ouvido falar.
Recomendo.

12 abril 2003

Hoje faz um sábado cinzento, e venta um pouco. Está tudo tão gostoso, que eu fui à padaria só para comprar um sonho, e comi sentada na varanda – olhando para a praça vazia. Sonho de doce-de-leite (doce deleite?).

À medida que vai escurecendo, as ruas vão se esvaziando ainda mais, e a impressão que dá é a de que todos estão em suas casas, bebendo cappuccino com as famílias, tranqüilos. Conversando sobre coisas amenas, entre pausadas constatações de um vazio que só pode ser percebido assim, em dias nebulosos.

Não fosse o meu vizinho.

O vizinho está cantando, ou melhor, está teimando em cantar num videokê ameaçador que apareceu de uma hora para outra. Alguma coisa me diz que esse aparelho ainda vai me tirar o sono. Ele canta “my way”, e de novo, e de novo, numa insistente performance que poderia ser chamada de ensaio – se, evidentemente, houvesse algum progresso no decorrer da prática. Coisa que não há.

Agora mudou para aquela música tema do “Ghost”. Pode?

Tudo bem, o meu vizinho raramente incomoda. Está sempre muito, mas muito calmo mesmo, uma vez que é fiel adepto de uma vertente pouco ortodoxa da fitoterapia. Cada vez que ele acende a fitoterapia dele, eu sinto daqui o odor. Horas depois, fatalmente um entregador de pizza toca a campainha ali na frente, e de novo, e de novo. Meu vizinho não abre a porta. E de novo, e de novo.

Vou até o corredor, e questiono o entregador, que já está conformado com a demora: é assim mesmo. Ele sempre pede pizza, mas raramente lembra que pediu.

São os efeitos colaterais da fitoterapia. Dizem, dizem.

10 abril 2003

no meio do caminho, havia uma pá


Ontem, depois de varrer a casa, resolvi deixar a vassoura e a pá do lixo (que é de lata) encostadas na parede que fica em frente ao banheiro. Mais de uma vez, fui ao banheiro e tive que cuidar para não enfiar o pé na pá. Pensei: se alguém chega aqui, distraído...

Alguém, é claro, só poderia ser o meu irmão.

Então, um novo pensamento surgiu. Meu irmão sempre acorda às 7h da manhã. O meu relógio desperta sempre às 8h, mas gosto de ter um tempinho na cama antes de levantar. Se eu deixo a pá aqui, é bem capaz do meu irmão me acordar (via pá) às 7h. Assim, terei uma hora para ficar me espreguiçando na cama, antes de me levantar. Rindo baixinho, claro.

Deixei a pá ali, encostadinha na parede. Quando ele chegou, à noite, deve ter visto, mas desviou – depois de um dia agitado, é mais fácil prever pás no meio do caminho. Ele não disse nada. Foi dormir.

Hoje, exatamente às 7h, não deu outra: BLÉIM!!!
A pá foi implacável.

Que maldade. Hihi.

05 abril 2003

Valeu, Carolzinha!

Retomando:

Roberto Bataglin


Marcelo Anthony

04 abril 2003

QUE SEM GRAÇA!!!

Eu quis linkar as duas fotos abaixo mencionadas, mas não deu certo. Tem que clicar para conferir o bofe.
Esclarecendo: o primeiro é Roberto Bataglin, e o segundo é Marcelo Anthony (sugiro que cliquem mesmo!).
PAISAGEM

src="http://dirce.globo.com/Globo/photo_Show/0,7329,54924,00.GIF">

Semana passada eu voltava da praia, quando dei de cara com a figura acima estampada, montada numa bicicleta, pedalando bem na calçada do meu prédio. Com o filhote na garupa.
Quase caí no meio-fio. Pensei que aqueles olhos fossem dois holofotes. Ceguei.


src="http://www.terra.com.br/exclusivo/img/news20030330006.jpg">

Dias depois, dormi no ônibus, e acordei num engarrafamento na Delfim Moreira, no Leblon. Olhei para o lado, e dei de cara com "o próprio" (acima), de bermudão verde-água (aquele, vocês podem conferir na novela). Sem camisa. Gravando.

Dormi de novo, e sonhei com os anjos.
A GABRIELA QUE VEIO A PASSEIO


Uma menina linda, chamada Gabriela, trabalhava de manicure num salão de beleza de São Leopoldo, minha cidade. Fui lá algumas vezes, e a Gabriela pintou minhas unhas. Mas eu saía sempre pensando: “essa menina tinha que ser modelo, e não ficar aqui fazendo mãos”...

Não deu outra. Gabriela ganhou, de aniversário de quinze anos, uma viagem para o Rio de Janeiro. Veio para a casa de uns parentes, ia ficar só uns dias. A passeio.

A passeio, foi conhecer o BarraShopping. A passeio, foi descoberta por um caça-talentos de uma agência de modelos - que a abordou num corredor, e convidou-a para fazer uns testes.

Passou nos testes, e acabou-se o passeio. Ou, melhor: Gabriela agora está “passeando” nas passarelas, morando aqui na cidade maravilhosa, feliz e esperançosa da vida. Nunca imaginou.

Não é uma história bonitinha? Pois é, verdade verdadeira.



TERRA DE VAGAS MAGRAS

Já eu, que não tenho os olhos azuis e o semblante angelical de Gabriela, posso até fazer uma vala nos corredores do BarraShopping, que não vai ter jeito: ninguém vai me querer para desfile.

Conformada com minhas qualidades estéticas bem comunzinhas, e até meio satisfeita com elas, estou procurando é um emprego de gente normal, pela primeira vez na vida. Sim, porque trabalho com música há 12 anos, mas já vi que isso não conta muito; tenho certa dificuldade de me cadastrar nos formulários das empresas, que, normalmente, classificam minhas experiências com uma só palavra: “Outros”.

Eu sou da turma dos “outros”, portanto. Não tenho nome de empresa anterior para citar, não tenho quem me indique, quem me reconheça, quem me recomende, nada. O pessoal que recebe meu currículo deve pensar que eu não tenho sequer função.

Pensando bem, eu tenho, sim, uma função: outros.

Quanto será que eles pagam para o pessoal do cargo “outros”? É o que tem me tirado o sono, uma vez que o telefone não toca, não recebo e-mail, carta, convite para entrevista, dinâmica de grupo, etc.

Confesso, tímida, que nunca fiz uma dinâmica de grupo. Contam as minhas amigas que costuma ser uma coisa bobinha, mas eu, como nunca tive a experiência, acho chiquérrimo. Estou louca para fazer uma dinâmica de grupo, não vejo a hora.

Minha máxima noção de dinâmica de grupo, até hoje, foi fazer um sinal para o guitarrista na hora do solo, ou, na falta de outro membro disponível, levantar a perna esquerda para indicar ao baterista o final da canção. Eles me retribuem, com caretas, como convém a todo músico que se preze. Maravilhoso.

Mas isso é outra coisa que não conta.

Portanto, estou aceitando sugestões. Quero um emprego que conte, mesmo que seja no setor “outros”.

Afinal, nesta terra de vagas magras, quem tem um “outros” é rei.

03 abril 2003

EQUADOR NA BUNDA


Estive um tempo fora do micro, porque minha macro-mamãe e meu espevitado pai vieram me visitar aqui no Rio. Estava tudo muito bom, exceto o raio do raio de sol que me pelou a bunda um dia desses. Desacostumada à vida praiana, ainda que more a dez minutos da orla, resolvi mesmo assim acompanhar mamãe - bronzeada e muito mais disposta que eu - num escaldante programa à beira-mar.

Tostávamos, as duas, enquanto a fofoca rolava solta. Mãe e filha que se vêem duas vezes por ano, quando se reúnem, sobre a alta do dólar é que não vão falar.

Horas depois, senti que alguma coisa não ia muito bem comigo, sobretudo na região dos glúteos. Ou, por outra: minha bunda virou um tomate seco.

Claro que não saí dando pinotes de dor, mas que o estrago foi feio, lá isso foi. Mamãe cor-de-jambo, imune às queimaduras, só fazia rir. E dizia que não era nada, filhota, isso passa, isso passa.

Passei foi uma temporada de bruços, lendo tudo que podia, inclusive os desenhos dos lençóis e das fronhas. Na falta do que fazer, confesso que dormi um bocado – coisa que faço muito bem, modestamente, já disse a vocês, sou ótima de cama.

Esclareço aos mais politicamente corretos que, sim, eu usei protetor solar. Fator 8. Em todo o corpo, como manda o figurino. Acontece que a bunda, concluo, por se formar redondamente a partir da lombar, e se localizar, portanto, um pouco acima do nível do mar, deve captar os raios solares de modo mais intenso, fazendo assim com que a fina e delicada tez que a reveste acabe por sofrer as queimaduras mais graves.

Além disso, as praias aqui do Rio não são como as do Sul. Aqui, estamos mais próximos à linha do Equador. Portanto, fui dormir Equador na bunda.

Não sei se fui clara.

E-qua-dor-na-bun-da.