16 agosto 2003

And the Oscar goes to...


Para mim, o destaque dos fatos da semana que passou vai para a galinha preta que atiraram na prefeita Marta Suplicy.

Aliás, minto: destaque mesmo vai para o ministro que saiu em “defesa” da prefeita e declarou, indignado, que atirar galinha em mulher seria o mesmo que atirar veado em homem.

Enquanto a imprensa fazia da frase do ministro um bordão preconceituoso e politicamente incorreto, eu me divertia ainda mais com o outro lado da gafe: o estudante que atirou a galinha preta não estava querendo chamar a prefeita de “galinha” – como, afinal, sugeriu o ministro. A metáfora era outra, e ficou clara no seu protesto auto-explicativo:

- Com essa prefeitura, só despacho mesmo!

Portanto, o ministro conseguiu, numa só frase, chamar a prefeita de galinha e xingar os gays. Não é maravilhoso?

Tenho verdadeiro fascínio por essas pérolas da saiajustice, onde o infeliz consegue reunir, numa só frase indevida, um conteúdo invejável de informações inconvenientes. Não contente, nosso herói ainda tem o talento de despejar sua preciosa obra justamente no momento mais desapropriado.

Pronto! Tem-se o famoso - “perdeu uma boa oportunidade de ficar quieto...”, mas aí já é tarde; o Oscar de melhor ator coadjuvante já é dele e ninguém tasca.