17 julho 2002

BUENAS, macacada! Tudo bem com vocês?
Aqui, esfria e nubla; hoje vamos a dígitos modestos de temperatura. Haja farda.

Estou matando a saudade do sul. Não a que já tive, mas a que terei quando voltar ao Rio, terça-feira que vem. Sim, resolvi me adiantar: se a gente mata a saudade passada, por que é que não pode matar a saudade adiantada?

Matar a saudade que já passou não tem sentido algum. Inês é morta. A saudade já foi sentida, já foi chorada, já foi vivida mesmo. Matar saudade passada é chutar cachorro morto.

Eu mato a saudade futura. Olho para o céu azul que só tem aqui, fico mirando beeeeeem forte, até doer. Quando dói, eu páro. E penso: BEM FEITO!

É que morreu a saudade. Uma a menos. A do céu.

Depois, sigo adiante. A do frio. Tiro a roupa, e fico uns minutos antes de entrar no chuveiro quente. Mas tem que doer, senão não vale!

Menos uma. Daí é ótimo, que já mato também a saudade da gripe. Gripe, no Rio de Janeiro, só se eu beijar um carioca - porque não conheço alguém de outra origem que fique gripado com aquela temperatura morna.

Pensando bem, melhor não matar aqui a saudade da gripe. Vai que passa um Pedro espirrando, e eu resolvo... enfim.

Outro dia, quis matar a saudade dos doces da padaria aqui da esquina. Comprei vários. Muitos, mesmo. E me sentei diante da televisão, a devorar negrinhos - caaaalma, que eu me defendo: aqui no RS, nós chamamos brigadeiro de negrinho.

Quando perdi a conta dos doces, percebi o óbvio: aquilo não ia doer tão cedo.

Engordei, psicologicamente, uns cinco quilos. (Mulher engorda psicologicamente, você não sabia? Depois eu escrevo um capítulo sobre isso.)

Mas não doeu. Não consegui matar a saudade dos doces da padaria. O que eu fiz? Fui ao correio, comprei várias caixas de SEDEX, voltei à padaria e pedi para a moça me fazer a gentileza de empacotar uns negrinhos por semana, e mandar lá para o Recreio dos Bandeirantes.

Que eu estou muito magrinha. Psicologicamente.