13 fevereiro 2003

ECO-CHATA É A MÃE!

Preciso comentar isto: ontem, enquanto eu tomava sol na pacata (em dia de semana) praia do Recreio, um casal bem apresentado relaxava a poucos metros de mim. Ela estava grávida, falava alto num celular chique; ele tinha pose de burguês.

Ambos bebiam água-de-coco, refestelados em suas cadeiras, enquanto o cachorrinho brincava ali em volta – apesar das inúmeras placas de “não traga seu cachorro para a praia”.

Já achei um insulto. Muito bonitinho, o animal. Fofo, até. Mas, ainda um cachorro.

Quando resolveram levantar para ir embora, homem e mulher deixaram para trás seus cocos vazios, canudos coloridos e uma garrafa plástica de água mineral. Tudo na areia pública; ali mesmo, onde também o cachorrinho pode ter deixado algum sinal nada higiênico de sua presença.

O pior é que eu olhei em volta, e havia inúmeras cenas parecidas com aquela: gente despreocupada - ou, pior, MAL EDUCADA - deixando rastros de uma ignorância injustificável a essa altura do campeonato. Francamente!

Eu estou doida, ou não custa nada andar uns metros até a lixeira mais próxima?

Será que eles pensam que o lixo “some” dali, como num passe de mágica, assim que a noite cai? Será mesmo que, nem diante da imensidão do mar, manifestação explícita da natureza, é possível notar que meio-ambiente e resíduos plásticos não formam um belo par? Impossível não perceber o disparate.

Não se trata de eco-chatice; é questão de simples bom senso e coerência. Sim, porque aquela mulher grávida vai ter um filho, que vai crescer e ir para a escola, onde aprenderá as primeiras noções de cidadania e respeito ao ambiente. Chegará em casa, um dia, com um lindo trabalhinho: a figura de uma árvore cheia de folhas saudáveis, e uma placa ao lado, na qual se lerá - “jogue o lixo no lixo”.

Os pais vão sorrir, orgulhosos, e não haverá ninguém para lembrá-los que, em pleno momento de gestação do pimpolho, ambos viviam cometendo crimes contra a natureza.

Minto: infelizmente, a própria natureza vai se encarregar de lembrá-los.