18 setembro 2002

Oi, meus fofos leitores. Hoje estou bem perua, aqui, de coque, nesta noite calorenta do inverno carioca.

A propósito, ainda estamos no inverno? Perco-me neste imbróglio de estações tropicais, perdoem a minha falha meteorológica.

Ontem um amigo me lembrou, inteligentemente, que o inverno carioca não se dá em julho ou agosto, mas sim em intervalos mais curtos, como: das 4h da manhã às 9h. Depois das 9h, seja inverno, verão, primavera ou outono, é tudo muito quente. O casaco do carioca, portanto, dura muitos invernos mais do que o do gaúcho. Faz sentido.

Meu irmão me interrompe, aqui, enquanto escrevo, para me puxar a orelha. Quer que eu pare de expor a intimidade dele nas minhas traquinagens virtuais; que ele não é personagem, que é muito homem de verdade, e nada tenho eu que ficar aqui fofocando sobre seus hábitos domésticos – como lavar a louça uma vez a cada eclipse solar, por exemplo.

Pois, muito bem, dou-lhe toda a razão. Cada pessoa decide o que é ou não publicável em sua vida. Um beijo, e durma bem.

Agora que ele já se foi deitar (vejam como estou literariamente ortodoxa, hoje), então, retorno ao texto, sempre me lembrando de não invadir privacidade de irmão algum.

Mudando de assunto, hoje ouvi uma frase-pérola, não tenho como privá-los dela. O sujeito estava com uma preguiça homérica, e me saiu com esta:

“Estou com preguiça até de ir dormir, acredita??”

Não dei bola, continuei aqui no micro escrevendo. Dali a pouco, completou:

“E de tomar banho, também. Mas o banho, pelo menos, é opcional.”

Ri um pouco, enquanto ele me explicava que o banho se tratava de um “plus”, algo como vidro elétrico ou direção hidráulica, por exemplo. Dormir, não. Dormir já vem de fábrica, é indispensável. Entendi o raciocínio.

Segui escrevendo. Mais dez minutos, o elemento levantou-se num pulo indignado, e ligou o chuveiro. Perguntei, daqui mesmo, se o banho não era opcional. Respondeu-me, contrariado:

“A porra do banho é, mas a FEDENTINA NÃO!!”

Fedentina original de fábrica, portanto. “Fedentina”, amigos, eu não ouvia desde que li Incidente em Antares, do Erico Veríssimo, há cerca de dez anos. Mas a palavra é ótima, não é?

Uma pérola. Coisa de família, coisa de família.