06 março 2003

COISINHAS CAPILARES


Eu preciso de um boné para proteger os cabelos do sol. Mas nunca compro um boné, afinal, boné a gente sempre ganha por aí.
E cadê que eu ganho um boné?

Outra coisa urgente é escolher, afinal, qual vai ser a próxima cor das minhas madeixas. Mesmo sabendo que aquele xampu tonalizante dura só uns quinze dias, não consigo me decidir por nenhuma cor. Ando com mania de não definir as coisas por medo de elas se tornarem definitivas demais.

Tudo bem que nunca fui lá muito boa do juízo.
Mas, mesmo sabendo que sai COM ÁGUA? Está demais.

Tenho um “preto ébano” aqui em casa, que eu comprei na farmácia, mas nunca tive coragem de usar. Minha mãe me põe medo: “não vai ficar preto demais, hein?”, depois disfarça: “ah, tudo bem, experimenta... sai em quinze dias, mesmo!”.

Desde que ela me veio com essa, por telefone, antes ainda do Natal passado, fiquei com a pulga do ébano atrás da orelha. E não tingi.

Está bem, confesso que o meu maior problema nem é com o cabelo em si; é com a porta do banheiro. Jogo a cabeça para frente, para espalhar a tinta na parte de trás do cabelo. Depois, jogo a cabeleira para trás.

A porta do meu banheiro, antes branca, está cheia de riscos coloridos – que vão do “vermelho intenso” ao “terra”.

Meu irmão entra e pergunta:
- O que é isso na porta do banheiro??

Como eu sempre coloco a culpa – de tudo que acontece de ruim nesta casa - naqueles toquinhos de barba que ele cisma em polvilhar pela pia branca, respondo:
- Isso aí é da tua barba, oras!!!

- Tá maluca? Como é que a minha barba iria fazer esta meleca na porta do banheiro?

- Ah, isso eu não sei... Mas, se ela faz o que faz com a pia, criatividade é que não lhe falta.

Ele chegou a franzir a testa, mas acho que não colou...