26 outubro 2003

Gerundiando


Lendo: Perdas e Ganhos – Lya Luft
Ouvindo: Paixão no Peito – Renato Borghetti
Vendo: o Rio de Janeiro continua lindo.
Acendendo: velas amarelas.
Apagando: velas (26) no dia 24.
Bebendo: Coca Light.
Comendo: pouco (vomitei no meio da semana).
Assistindo: DVD Casamento Grego (comédia legal!).
Meditando: meus chakras.
Medicando: Florais de Bach.
Tocando (no violão): Agora só falta você - Rita Lee.
Tocando (no baixo): Why can’t this be love - Van Halen.
Cantando (no chuveiro): A festa – Milton, por Maria Rita.
Torcendo: pro dia nascer feliz (o mundo inteiro acordar, e a gente dormir).
Tecendo: planos e artes.
Rezando: pro Vô Petronius sarar logo.
Perdendo: uns medos.
Ganhando: uns outros.
Brincando: pouco.
Banindo: hábitos.
Procurando: o fio da meada.
Achando: té parece.
Interrogai por nós


Sabe quando você precisa relaxar, para pensar, para entender, para aceitar, para então conseguir... relaxar?

E sabe quando você se sente pressionado a realizar, para ganhar, para subir, para crescer, para, enfim, conseguir... realizar?

Você já foi a algum encontro importante, de negócios ou não, para o qual se preparou durante dias, semanas ou meses, e aquilo gerava uma certa ansiedade que você abominava, e você tentava convencer a si mesmo de que estava calmo, mas o medo crescia, e você, com raiva do medo, acabava por promovê-lo a pânico, e ele se refestelava ainda mais nas suas entranhas, e você o esmurrava em pensamento, e ele se fortalecia, e você golpeava, e ele insistia, e você acabou esmagado por uma coisa que começou da simples necessidade que você tem de não aceitar que uma boa oportunidade pode apenas ser uma boa oportunidade, e pronto?

Quando foi a última vez que você soube aceitar um presente de Deus, ou seja lá a entidade que você cultue, sem pensar na responsabilidade que iria incidir diretamente sobre você - como raios de sol ao meio-dia, sem direito a protetor ou chapéu – e que, sem dúvida, você não daria conta disso?

Quantas vezes você se viu diante de alguma coisa realmente grande, e pensou naquela história da areia e do caminhãozinho, imediatamente, antes que a coisa grande e bonita ameaçasse lhe tocar, Deus do céu, e lhe tirar a condição com a qual você se acostumou a conviver há anos - a condição de reles criatura mediana desprovida de qualquer qualidade admirável?

Quem é que realmente merece a felicidade do brilho dos cabelos das propagandas de xampu? Quem são os ricos que flutuam nos seus iates, ano velho após ano novo, a brindar seus sucessivos sucessos, enquanto você se espreme entre mágoa e despeito, achando que não tem mais jeito?

Se eu tivesse essas respostas, escreveria um livro de auto-ajuda, venderia milhões, e, com certeza, me auto-ajudaria muito. Não tenho. Só tenho as perguntas: Santa Maria, mãe de Deus, interrogai por nós.

Algumas coisas da vida não dão direito ao último parágrafo, aquele que explica tudo e não resta dúvida. É pena. Eu aprendi tão direitinho a concluir textos, nas aulas (que eu ia) da faculdade.

Lembro que um professor dizia: jamais termine um texto com um ponto de interrogação!

Mas, pensando bem: e se eu escrevesse mesmo um livro de auto-ajuda???
(Espero que, com três, possa).