07 julho 2003

Paulinho num pulinho


O Altas Horas desse sábado era em homenagem à teledramaturgia. Lá foi o João Bosco, tocar suas músicas que foram temas de novela. Muito bom, como sempre.

Depois, entrou o – sempre tímido e encantador – Paulinho da Viola, que sentou no banquinho, tocou “Pecado Capital”, arranhou mais um refrão ou outro, e foi embora num pulinho. Só porque não tinha mais temas de novela para tocar.

Ah, francamente! Que desperdício de Paulinho...


Coldplay

Tinha um CD do Coldplay, presente não sei de quem, rolando de um lado a outro pelo nosso bagunçado carro. Nunca tive lá muita curiosidade de ouvir, mas confesso que me sentia um pouco envergonhada por não conhecer o tal Coldplay, tão citado, tão badalado no mundinho “não sou pop, sou cult”, ou “não sorria, você está sendo filmado”.

Quando o trânsito engarrafou na São Clemente (cada dia pior!), coloquei o disco para ouvir. Definitivamente, não tenho mais paciência para essas bandas em que o vocalista canta como se estivesse à beira do suicídio - alguns estão mesmo, e outros até foram bem sucedidos na iniciativa; ou mal sucedidos, depende do ponto de vista.

Gente, que choradeira é aquela?

Antes de entrar no túnel Zuzu Angel – depois de já ter passado todas as faixas adiante, à espera de um milagre que não veio -, coloquei a Alanis para gritar no meu ouvido. Pelo menos ela canta acordada!



Depois das coletâneas, apenas refrões


Vai chegar o dia, e não demora, em que as grandes gravadoras vão sugerir (com a sutileza que lhes convém) que os grandes artistas gravem, não coletâneas de sucessos, mas coletâneas de refrões de sucessos.

Tempo é dinheiro, e ambos andam cada vez mais escassos. Hoje em dia, música ideal de trabalho não passa de dois minutos (Renato Russo estaria em maus lençóis), ou o pessoal da rádio já manda a tesoura, e não quer nem saber quem é o pai da criança.

Ouvi dizer que um novo cantor bem sucedido, carioca, chamado Alex Cohen, iria aparecer ontem no Faustão. Cansei de ver o nome dele nos jornais e nos outdoors da cidade, mas nunca tinha ouvido o trabalho. Liguei no Faustão.

Contratado pela Som Livre, Alex está lançando o seu primeiro CD. E vai lançar o segundo, em breve, com o título “As Mais Pedidas da Noite” (ou algo assim). O repertório será montado com base numa “pesquisa”: depois de tocar “10 anos na noite” - como gritava Fausto Silva de dois em dois minutos -, o cantor selecionou as canções que mais dão IBOPE nos bailes da vida, e vai mandar bala.

Ontem, no domingão, Alex Cohen, talvez sem querer, dava uma palhinha do que eu, a profeta do apocalipse, modestamente prevejo para o mercado fonográfico brasileiro: cantava, das canções mais-mais-mais (pedidas, manjadas, repetidas), apenas os refrões.
Entre aplausos acalorados da platéia e gritos de “lindo! Gostoso!”, o cantor se esbaforia numa ginástica comovente, entre um instrumento e outro, mais microfone, a entoar os pedacinhos mais conhecidos dos mais conhecidos hits.

Imagine uma galinha viva, saltitante. Agora, imagine um nuggets de frango, seco e frito.
A galinha é a nossa amada música.
O nuggets é que o estão querendo fazer com ela.