05 junho 2006

Alvo

É engraçado, a gente vai envelhecendo e...

[pausa para explicação: muitos irão pensar, como assim? Uma mulher de 28 anos não pode dizer que está envelhecendo, e blá blá blá. Pode sim, meus caros. Todos nós estamos. Dá licença. Envelheço desde os nove, precisamente. Sei disso porque tomei nota num diário – que, aliás, ostenta páginas amarelas, sebosas, pegajosas e dolorosamente confessionais. Aos nove eu já ganhava idade, portanto.]

Bom, mas eu ia dizendo. É engraçado como a gente vai envelhecendo e perdendo certas coisas pelo caminho. Uma delas é a delicadeza.

Não, acho que me expressei mal. Quis dizer: delicadeza irrestrita.

Preservo gestos, atitudes e palavras delicadas, é claro. Não meço o tamanho das minhas gentilezas. Adoro agradar, acarinhar, bendizer. Mas ando mirando bem melhor; alguns alvos não valem sequer a bala desperdiçada.

Concordam?

***

Tristeza


Que coisa mais triste a morte do guitarrista dos Detonautas (baleado ao reagir a uma tentativa de roubo, ontem, no Rio). Abrir o jornal nesta segunda-feira foi, mais uma vez, uma grande dor. Mais uma brutalidade, uma covardia, uma aberração. Coisas com as quais somos obrigados a conviver diariamente, nos fazendo vítimas generalizadas – se não física, com certeza emocionalmente: pois agora vivemos em estado crônico de medo; e o otimismo é que nos assalta, volta e meia. Infelizmente, sem muito sucesso.

Quando deveria ser o inverso.