27 setembro 2002

AUTOPROPAGANDA & DICAS

* Fiquem de olho: em meados de outubro, reestréia o site “Oficina do Pensamento”, de conteúdo novinho em folha. Esta que vos fala será a colunista musical da oficina. Depois eu passo o endereço certinho.

** Quem puder, corra até as melhores prateleiras das melhores livrarias, e compre “Buscando o Seu Mindinho”, de Mario Prata, lançado pela Editora Objetiva. Esta que vos fala está lá, presente em crônica, na página 79. Discorro sobre a situação dos mindinhos no contrabaixo – como me convém. E o resto do livro também é muito bonzinho. Hehe.

*** Visitem o site www.carlosmaltz.com.br e adquiram o CD de Carlos Maltz (ex-baterista e fundador dos Engenheiros do Hawaii, hoje cantor e compositor), de nome “Farinha do Mesmo Saco”. Esta que vos fala (de novo) está lá, presente em baixo e voz, na faixa “O Sorriso do Escorpião”. E o resto do CD também é muito bonzinho. Hehe.


PRESENÇA DE JOSÉ MAYER

Saco!, não sei por que foram reprisar Presença de Anita logo agora. Infelizmente, tenho que assistir todo santo dia. Impossível ir para a cama sem o José Mayer, sabendo que ele anda desfilando aquele charme grisalho bem em frente ao meu sofá da sala, ao simples ligar de um botãozinho. Irresistível.

Rede Globo 1 X 0 Bíbi Da Pieve.



PEGANDO INTIMIDADE COM ELE - PARTE II


Tem gente que só reza quando está aflito. Eu, como prezo os deuses e os santos e o mais que paira noutro
mundo, converso com essas figuras todas as noites. Estou aqui, minha gente - eu digo -, não é para pedir nada. Só
vim pegar amizade, mesmo.

A pessoa vai ficando íntima aos poucos; assim é neste plano, não deve ser diferente nos outros, se é que há outros. O negócio é pegar amizade devagar, porque um dia a gente precisa de verdade e aí não fica bem chegar de supetão e pedir coisa.

Já deu vontade de pedir uma grana, um namorado gente boa (com furinho no queixo) e até um pouco mais de paz. Mas não peço. Anoto, e guardo tudo para quando estiver mais chegada.

A lista vai engordando, assumo, e pior ainda fica em tempos de crise. Mas não tem nada, que eu já estou quase chamando todo mundo lá pelo primeiro nome.

Jesus é um. Já me deu abertura, inclusive, para deixar de "senhor isso", "senhor aquilo". Jesus é você.

Dona Maria, mãe de Deus, ainda não consigo tratar sem o dona. Respeito, acho. Mas, assim que eu tiver a
idade dela, vai virar você também.

Onde quer que eu vá, levo a minha listinha. Nunca se sabe; se calhar de eu morrer antes da hora, já chego por lá preparada e peço pessoalmente, vou direto ao assunto:

- Seguinte. Passei a vida toda de conversinha com vocês, de modo que mal morri e já me sinto em casa. (Sento e cruzo as pernas.) Aqui está a minha lista de pedidos, mas preciso fazer umas observações. (Levanto, para soar enfático.) Paz, por exemplo. Esse negócio de paz era mais para disfarçar, achei que ficaria bonito, e tal. Mas não se preocupem com isso. Vamos direto ao dinheiro, que pode vir, naturalmente, na próxima encarnação. Mas, que fique claro: vai render uma eternidade de juros! Ou nasço podre de rica, ou sigo morta até vocês me descolarem a grana.

Aí eles vão me dar um protocolo, e me mandar esperar ali na sala ao lado. Não admito:

- Sala ao lado? Não vou. Fico aqui até ser atendida, tenho direito, nunca pedi nada em vida! (O dedo em riste.)

Burburinho, gente recém-morta e veteranos falecidos falando ao mesmo tempo, o pessoal do balcão indignado com a minha astúcia. Sigo:

- Me chama o Jesus. Me chama o Jesus, e vamos acabar com esse reboliço de uma vez. Ou a Maria, qualquer um.

Interfonam para Jesus, dizem que tem uma doida querendo furar a fila. Ele aparece, do nada, e me reconhece.

Pronto, calei a boca de todo mundo. Fui levada para uma sala vip – com cafezinho e broa de milho feita pela Maria -, e tirei uma foto com o cara.

- Na próxima encarnação – ele me disse -, tu levas esta foto e ficarás rica.

Não estou dizendo que é bom ir pegando amizade aos poucos? Morri cedo, mas morri bem. E ainda rolou a maior tietagem.