08 fevereiro 2003

Comendo duas fatias de queijo minas
(as últimas, finas),
bebendo cappuccino
(gole sim, gole não),
escrevendo
(tem alguém aí?),
esperando o Jô Soares
(déjà vu de verão),
ouvindo o barulhinho do ventilador
(sopro elétrico),
imaginando ter um apartamento mais bonitinho e decoradinho
(spot futuro),
lembrando os sonhos da noite anterior
(passado dormente),
esquecendo o que é preciso
(presente inconveniente),
precisando de alguém que diga que,
mais dia,
menos dia,
os gerúndios serão bem outros,
e as fatias serão menos finas,
e os goles serão todos,
e os verões serão inéditos,
e os sopros serão humanos,
e os spots serão agora,
e o passado será memória,
e o presente não precisará de explicações
(entre parênteses).