29 julho 2005

Cafezinho


Psiu, cá pra nós. Você não sente, às vezes, no fundo do gole de cafezinho, um leve gosto de cigarro?

Eu sinto. Nunca fui fumante na minha vida, mas sinto. E tenho uma explicação.

Sabe aqueles fumantes que param de fumar, e depois ficam um tempo reclamando que não conseguem tomar café sem ter gana de acender um? Pronto: eu acho que é esse o gosto que eu sinto.

Dos cigarros não fumados dos abstêmios.

Mas não é em todos os cafés, não. Acha que eu sou doida? Calma, é só em alguns...


Padelli


Descobrimos uma pizzaria ma-ra-vi-lho-sa aqui no Recreio – il forno di Padelli. Uma entradinha, sugerida pelo garçom (gentil), já ameaçava o desfecho trágico. De tão bom.

A mozarela de búfala veio se desmanchando, literalmente. Tomate seco e rúcula - não menos frescos, apetitosos. E aquele pãozinho, tipo uma massa de pizza, como se chama mesmo? Chama-se assim: tô perdida.

E a pizza não deixou por menos. Das melhores que já comi aqui no Rio (está bem, a cidade não é exatamente conhecida pelas pizzarias, mas...). Essa é realmente muito boa. Vale a pena. Palavra de gaúcha com descendência italiana!


Tamanho quê??


Cena dos sonhos: chego numa loja, vejo uma blusa linda e pergunto se tem de vários tamanhos. A moça:

- Acho que, para você, tem que ser a “P”...

Minha frase imediata:

- Já disse hoje que te amo??

Mas acabei não dizendo nada. Hehe. Mentiras sinceras me interessam.


3 frases do meu irmão


Meu irmão tem umas frases ótimas. Algumas são dele mesmo. Outras, citações. Mas ninguém citaria com tamanha propriedade. Isso já nem é mais citação: é pirataria.

1. “Tem dia que, de noite...” (com cara de preocupação)

2. “Hoje em dia, com a internet...” (essa vale para absolutamente tudo. Qualquer coisa que cause espanto, uma notícia no jornal, um banco quebrado na praça - lá vem a explicação-consolo: é... hoje em dia, com a internet...)

3. “Foi o que eu disse!!!” (quando ele acabou de dizer exatamente o contrário)

27 julho 2005

O mundo é dos vivos
O mundo é dos bancos
E os bancos dos mendigos

O mundo é de loucos
Que mundos não têm dono
E só somos vencidos pelo sono

O mundo é do novo
E o novo dos antigos
O mundo é quem sobrar no fim da noite
Dos amigos

(Nei Lisboa)
No Jô


Ontem, no Jô, o senador Delcídio “Boa Pinta” Amaral (PT-MS), presidente da CPI, respondia à relevante questão de ser considerado o galã do senado.

- Bem... Hãm... é... (risos tímidos)... ainda bem que a minha mulher está viajando, senão o bicho ia pegar, hehe...

Francamente, os homens têm cada coisa...

Então tá, devo concluir que a mulher dele vai é ficar feliz e tranqüila quando voltar de viagem e souber que o maridão declarou, em rede nacional, durante o auge de sua popularidade/assédio, que “ainda bem que ela estava viajando”.

E quantas peruas levantaram do sofá e foram calçar as botas de vinil, depois da notícia fresquinha de que a patroa andava voando bem longe?

Se o marido é meu, o bicho nem pega. O bicho já é morto.



Outra do galã


E hoje, Delcídio apareceu nos noticiários dizendo que recebia “com indignidade” as insinuações de que a CPI estaria omitindo informações.

Acho que ele queria dizer indignação, né?

Vá lá. Talvez tenha ficado com vergonha de usar, em meio a tantas patacoadas, o termo “nação”. Hoho.



Menas, presidente!


Vem cá, o máximo da humildade de Lula é dizer que foi filho de analfabetos???

Sim, porque, ainda outro dia, ele dizia que não tinha pecados. Agora que o partido que ele ajudou a fundar está visivelmente emporcalhado (e emporcalhando...), o discurso é de que não nasceu ninguém capaz de DISCUTIR ética e moral com ele.

Não cabia uma sandalinha da humildade, não?

Já tem petista com saudade do tempo em que ele falava menas laranja...

26 julho 2005

Tá ruim, mas tá bom


Meus pés estão doendo (caminhando de botas), minha coluna voltou a incomodar um pouco (hérnia, você sabe), peguei um trânsito infernal na Av. Niemeyer hoje (de ônibus!), choveu e eu não esperava (cabelo espigado – tóim!), entrei numa loja e paguei o maior mico porque achei que a sandália custava R$ 49,00 – tolinha, não tinha visto o fatídico “3x”, miudinho, acima do número.

Praticamente saí de costas, para fingir que estava entrando. Hehe (meu risinho amarelinho).

Pronto, já reclamei bastante da vida.

Um parágrafo, em blog, é uma eternidade.


Terapia


- Você já dirigiu à noite, na neblina?
- Já.
- Não se enxerga mais do que 10m adiante do pára-brisa, né?
- É.
- E aí? O que é que você faz? Pára no meio da estrada?
- Não...
- Joga o carro numa ribanceira, desesperada?
- Não...
- Vai andando, devagar, mesmo sem saber o que vem pela frente, né?
- Hum-hum.
- Então. É assim mesmo. Você não pode enxergar a estrada inteira. O negócio é ir andando, aos poucos, conforme é possível. O tanto que você vê é o tanto que você anda. E assim por diante.

Detalhe: a terapeuta é cega.
E anda muitíssimo bem.

20 julho 2005

AutoMarketing

Por acaso você já viu que a minha coluna na revista Época agora tem foto com ilustração?

A cada edição, uma figurinha nova.



Passa lá na banca. Ou faz a assinatura, melhor ainda!
:o)

15 julho 2005

O xis dos meus sonhos


Todo mundo sabe que no RS tem uma comida maravilhosa chamada “xis”. E que não tem igual aqui no Rio, e que eu vivo morrendo de saudades de um baita “xis galinha”, ou “xis coração” (sim, coração de galinha!), ou qualquer outro que me apareça em sonho. E eles aparecem mesmo.

Noite dessas, sonhei que estava no RS. Minha mãe e meu irmão sugeriram: vamos pedir um xis por telefone?

Faminta, liguei logo e fiz o pedido. Um xis galinha, um xis coração e um xis filé.

- São R$ 820,00, moça.

Dei um pulo.

- Quanto???
- Oitocentos e vinte reais.
- Acho que você não entendeu. Não estou comprando a sua televisão. Só quero três xis.
- Sim. O preço é esse mesmo.
- Mas isso é um absurdo! Nunca vi xis custar tão caro! Ou você vai me dizer que é a taxa de entrega??? Não tô no Rio, não! Estou a cinco minutos da *(#$!@% da sua barraca de xis, ô seu maluco!!!
- Moça, eu sinto muito, mas o valor está correto. Xis galinha, xis coração e xis filé. 820 pilas. Vai querer troco?

Virei para o meu irmão, procurando socorro.

- Olha a viagem do cara: tá me dizendo que os três xis dão 820 reais! Ha-ha! Doido, né?
- Ué, por quê? Acho que está certo...
- !!!!!!!!!
- Pensa bem, o xis andou subindo mesmo... e são três, né?

Indignada, mandei vir. E fui preencher o cheque. A saudade de comer xis era maior que a minha capacidade de contestar o absurdo.

Motoqueiro chega e me entrega o pacote. Despeço-me dos meus 820 reais, viro essa folha (de cheque) na minha vida. Pronto, passou.

Na mesa, já saboreando a iguaria, não resisto e toco no assunto.

- Absurdo... 820 reais pelos xis...

E meu irmão, deixando cair um naco de filé da boca:

- QUANTO????????
- 820, ué. Te falei.
- TÁ MALUCA???
- Mas eu te disse!!! E você disse que estava certo!!!!!!
- Eeeeeeeu??? Eu não me lembro de ter dito isso. Jamais eu iria dizer que está certo, imagina, 820 reais, que isso...?!

(Comentário extra-onírico: comportamento típico de geminiano. Quem tem um em casa sabe do que eu estou falando).

Mas era muito bem feito para mim. Tinha que ter caído naquela conversa do xis de ouro? Maluquice. Peguei o telefone de novo. Atende o mesmo rapaz.

- Olha, moço, eu acho que houve algum engano. Tentei engolir, mas não consegui. Ocorre que eu acabei de entregar um cheque de 820 reais para o seu motoboy, e...

- Oitocentos e vinte reais??? Caramba!!! A senhora ficou doida??? Comprou o quê, aqui, por esse valor? A nossa televisão?????

Aí eu acordei. Antes que alguém me vendesse um coração de galinha por cem reais.

Ou, sei lá, um pinto por duzentos.
Piadinha do fagote


Não resisti. A piada é ótima...
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Na escola, a professora pergunta a cada um dos alunos:

- Aline, qual a profissão do seu pai?
- Ele é médico, tia.
- Médico, que bacana! Curando as pessoas... E o seu pai, Igor, o que ele faz?
- Tia, o meu pai é bombeiro.
- Bombeiro!!! Que profissão bonita, salvando vidas... Joãozinho, e o seu pai?
- Meu pai é músico, fessora.
- Músico? Que legal... Alegrando as pessoas, tocando os corações... O que ele faz? Canta, toca algum instrumento?
- Ele toca fagote...
- Que gracinha... hihi... Não é fagote, meu amor, é pagode. Preste atenção na boquinha da tia: pa-go-de!!
- Não, tia, ele toca na orquestra. É fagotista.
- Que imaginação... Na orquestra... Meu lindinho, não é fagote. É pa-go-de. E não é "fagotista". É pa-go-dei-ro.

14 julho 2005

Recuperação


Faz Pilates comigo uma senhora que teve derrame há uns dois anos, e ficou meio paralisada do lado esquerdo. Precisa ver a carinha que ela faz ao notar que evoluiu algum movimento (não conseguia fazer, e agora faz com facilidade). Muito bonitinho. Dá beijo nas professoras e sai, andando bem devagar, e sempre sorridente.



Paz e felicidades no gerúndio


Minha mãe aniversariou no dia 13. Diz que passou metade do dia recebendo cumprimentos de gente de verdade; a outra metade, atendendo ao pessoal do telemarketing festivo.

Telemarketing festivo é um termo que eu criei agora: não sei se você já notou, mas a última moda do telemarketing ativo é aproveitar a sua data de aniversário para, digamos, “ativar” o produto.

Maldito cadastro de preenchimento obrigatório. Fazem a gente revelar a idade no balcão da loja, e ainda vêm nos importunar no dia da festa. Dose!

Ainda se valesse a pena... Outro dia, recebi aqui uma ligação de telemarketing festivo para o meu irmão (que fazia aniversário naquele dia). Era uma “promoção” do restaurante mineiro. O premiado comia “de graça”, caso levasse cinco (eu disse cinco!) amigos para a festinha gastronômica. Pagando, claro.

Isso não é uma promoção de aniversário. Isso é uma boa idéia para quem tem cinco amigos sobrando no currículo, e quer removê-los rapidamente dessa condição.

Quanto ao teor dos cumprimentos recebidos pelo telemarketing festivo, não há muita variação: meia-dúzia de frases no maior estilão auto-ajuda.

Tudo no gerúndio.



Planejamento familiar vegetal


A planta-árvore do meu irmão continua crescendo e dando galhos, os galhos dando ramos, os ramos dando folhas, as folhas...

Já que ela quer dar tanto, vou enfiar uma pílula anticoncepcional na terra do vasinho, e não se fala mais nisso.

09 julho 2005

Pauzinhos, né?


Fui a uma mercearia oriental - mas oriental meeeesmo -, e quase fiquei tonta com tantas coisas esquisitas e potencialmente gostosas empilhadas nas prateleiras. Gosto muito de comida japonesa. Não saco nada, mas adoro. Chamo os pauzinhos de, imagina, pauzinhos.

O problema é que eu não posso ver aqueles pacotinhos com guloseimas do tipo bolinho disso, pastelzinho daquilo: tenho logo vontade de apertar. Assobio e disfarço, finjo que estou olhando outra coisa, viro de costas e - pá! -, belisco tudinho. Um por um.

É muito bom beliscar os pacotinhos alheios, sobretudo pela surpresa da consistência (que é o maior barato da beliscada, claro). Você olhar uma coisa que tem cara de biscoito, jeito de biscoito, e apostar: é biscoito. Aí você vai e belisca. Supresa! É molenga, feito massa de modelar.

O prazer de esmagar um negócio desses é quase tão intenso quanto o de ver a marca do seu dedo ali, para a posteridade, através do filme plástico. Digitais e tudo.

Imagino que o meu polegar vá parar no microondas de alguém.

Apertei também pacotes de sopa instantânea, macarrão e sei lá mais o quê. Até porque, convenhamos, não se pode ler as instruções daquilo nem com muita boa vontade: japonês, além de comer, também escreve com pauzinhos!

06 julho 2005

Registro


Chove ainda. Tempinho propício para cama, café, livros, edredom, pãozinho quente, letras e músicas...

No entanto, há a vida. A torneira do tanque deu de ter incontinência urinária – do nada. Mas o porteiro me resolveu o problema em minutos. Foi lá e comprou a pecinha, trocou, e ainda deu um polimento na danada.

- Tá nova, olhaí! – gabou-se.

Antes disso, contudo, demorei meia hora para achar o tal registro. De quatro, procurava e praguejava: quem foi o ¨$&@#$ que escondeu essa ¨#!@& desse registro, ô &$*@# !!!

Desisti. Eu nem queria mesmo (me dizia). E ia deixar a água correndo, quando me levantei e resolvi olhar para cima, tipo “Deus, me ajude!”. E Ele ajudou. O registro estava um pouco acima da linha dos meus olhos.

Fosse um bicho, me mordia.

É muito bom você sorrir amarelo quando paga um mico desses e não tem ninguém assistindo. Hoho.

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Cara-de-pau


Na aula de Pilates, tinha uma moça que se achava engraçada, e por isso se permitia falar sem parar e desconcentrar todo mundo. Andava de um lado a outro, entre os exercícios. Ia à sala da secretária, voltava, ia de novo, pegava uma bala, abria, chupava, comentava, ria alto. Ah, e tinha um sotaque espanhol muito forte. (Tô dizendo nada, não. Só para ilustrar melhor).

Sabe essas pessoas que acham engraçado se comportar como crianças? Ave Maria.

Claro que eu era a única aluna que estava quietinha no meu canto, fazendo questão de não sorrir para a moça quando ela fazia uma (sem)gracinha qualquer. Claro que eu ignorava. E é claro que, por eu ser a única a ignorá-la, ela se apaixonou logo por mim.

Ficava perguntando para as professoras como era o meu nome, de onde eu vinha, o que fazia etc. Elogiou o meu cabelo. E a minha pele. Só para ver se eu me dirigia a ela e fazia amizade.

Fiquei muda, fantasiada de pufe. Todo mundo estranhando, porque a moça só faltava pedir para eu falar com ela.

Aqui, ó. Não falo. Nem é comigo.

Eu adoro ser cara-de-pau com as pessoas que são cara-de-pau com as outras, e acham que ninguém vai ser com elas.

Esse é um dos meus maiores prazeres da vida.
Desagradável


Tentávamos jantar num restaurante bacaninha da Gávea, enquanto um grupo de #¨&*#$)_(!, na mesa ao lado, sofria de um mal que acomete parcela cada vez mais significativa da população: o desagradabilismo crônico. Conversavam (eufemismo) num volume tal, que você não me acredita. Só ouvindo – até porque, no momento, não havia outra saída possível.

O comportamento humano é algo curioso. Todo vai do psicológico - eu já dizia, outro dia, numa coluna da Época em que eu comparo o “psicológico” das pessoas com os diversos tipos de cães. Psicológico de madame (irritante). Psicológico de bêbado (cão sem dono). E por aí vai.

Pois o psicológico dos desagradáveis, sinceramente? – por mim, podia virar logo sabão. Ia fazer falta nenhuma.



Chuvinha


chuvinha
dá uma vontade
de se enroscar
na pessoa
em questão

para os
questão
felizes,
sim

para os
questão
infelizes,
não


E para os
fora
de questão,

marquises