01 maio 2002

Foi a primeira vez, em toda vida, que eu joguei tinta no telhado.

Cortei minhas longas madeixas, revoltadas e pós-adolescentes que só. E pintei de uma cor que a moça chamou de "rubino" - ou algo assim, porque recordo que era parecido com "rabino", mas acho que mudava uma ou duas letras. E vários tons, em direção ao roxo-avermelhado... coisa assim.

Existe cor rubino, mesmo? (Respostas por e-mail, please. E muito cuidado, porque disso depende toda a parte externa da minha cabeça.)

Enfim, aquela cabeleira cor-de-burro-quando-foge era muito do meu agrado, mas devo confessar que o rabino (?) da moça me caiu, modestamente, muito bem. E o corte, idem.

Sabe o que ela fez? Puxou meu cabelão todo para a frente, fez um só rabo, e tascou uma tesourada certeira: morte súbita. Eu, com o pescoço inclinado, alheia ao golpe. O primeiro sinal da coisa foi a queda brusca de um naco de cabelo, molhado e ainda quase vivo, na ardósia verde daquilo que elas chamam de salão de beleza. A partir daí, eu entreguei para Deus.

Quando dei por mim, já era tarde. O repicado armou um reboliço nos fios, de modo que há uma espécie de franja - ou sei lá o quê - aqui na frente, e depois uma camada, e outra, e outra, e mais outra. Até que os fios descem, lisos e modestos, até os ombros. E só.

Já acostumei, mas levei vários sustos, todas as manhãs, até entender que o meu rosto deixou de ter uma moldura reta, marrom e comprida - para ter uma revolta, vermelha e (parcialmente) curta.

As minhas amigas dizem que não é necessário combinar a cor dos sapatos e das bolsas com a do cabelo, mas eu estou animadíssima, de loja em loja, tentando achar um acessório que faça parzinho com o rabino do telhado novo.

E sabe que não tenho achado?

Por favor, se alguém achar uma bolsa de cor "rubino", mande-me o endereço da loja.

Esmalte também, ok?

Obrigadaíssima.

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