18 junho 2002

Oi, queridos. Como é que vocês estão, no Rio, em Floripa, em Sampa, em Minas, no RS, em Sorocaba e nos EUA? (Se houver algum leitor de algum outro lugar, por favor se manifeste, pois não é do meu conhecimento - ou é do meu esquecimento, perdão!).

Aqui em São Leopoldo, o dia foi de chuva, nuvens, sol, friozinho e Ivani. A Ivani chegou às 9h da manhã, creio eu. E se agarrou no carpete, tratando de aspirar toda e qualquer poeira que tivesse teimado em repousar por ali na última semana. Que a Ivani veio na terça passada, meus amigos, e só não arrancou o carpete a dente porque eu não deixei.

Que mulher competente, a Ivani!

Imagine que ela faz os azulejos brilharem tanto, mas tanto, que posso perfeitamente me maquiar na parede do banheiro. Nem uso mais espelhos, porque tenho pena de embaçá-los, um pouquinho que seja, com a minha respiração.

Não, eu não faria isso com as obras da Ivani. São impecáveis. O espelhão da sala, então, fica um luxo. Já pensei em arrumar uns cones (aprecio muito) e sinalizar as áreas próximas a ele, para evitar que um desastrado enfie o dedo e acabe cometendo um crime contra a impecabilidade da Ivani. Mantenhamos distância e respeito, portanto.

É verdade que, em dia de Ivani, há que se tomar certos cuidados dentro de casa. Precauções corriqueiras, coisinha à toa.

Eu me tranco, por exemplo, dentro de um dos quartos. Passo a chave, por cautela. E coloco, em frente à porta, um móvel bem pesado - a cama vai bem -, no intuito de evitar que a Ivani, empolgada e ágil, além de forte como um touro, entre com tudo e aspire o meu nariz pensando que é tomada.

Já combinei com ela: três batidinhas na porta, se precisar de alguma coisa, e eu saio do quarto para atendê-la. As batidinhas da Ivani, contudo, são um tanto intensas, de modo que eu fico em dúvida se um terremoto ameaça destruir a minha casa, ou se algum caminhão perdeu o rumo e veio dar com a carroceria na parede da sala. Mas, normalmente, é só a Ivani.

Um dia eu perdi a Ivani. Saí pelos quatro cantos da casa, angustiada, procurando-a. Já tinha escurecido, chegava de faxina!

Não achei. Pensei que ela tinha ido embora sorrateiramente, talvez pensando em não me incomodar no quarto - a essa altura, já percebeu que eu arrasto a cama de parede a parede e saio esbaforida toda vez que ela pede alguma coisa.

Fui fazer, então, o meu jantar. Quando abri a geladeira, a Ivani caiu para fora, deu com a testa no chão, e depois se pôs de joelhos, atordoada e indignada:

- E a lei das três batidinhas, pelo jeito, só vale pro quarto da patroa!!!

Desculpei-me, naturalmente, por ter invadido a privacidade da Ivani. Depois disso, nunca mais abri a minha geladeira sem bater antes. Nem o freezer, nem o microondas, nem o fogão, nem mesmo as gavetas da casa.

Nunca se sabe de onde a Ivani pode surgir.

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