21 agosto 2002

Minha gente,
não é que pintou insônia?? Pudera, fui deitar cedo demais... como vão vocês?

Eu vou bem, obrigada.
Um tanto de saudade do Sul - e seus respectivos -, mas tudo bem. Às vezes, bate um banzo melancólico... mas isso é coisa de madrugada insensata.

Aliás, toda madrugada é insensata, desde que me conheço por coruja.

Eu sabia que tinha alguma coisa estranha no ar, mesmo antes de constatar que meu irmão havia lavado a louça que eu deixei na pia, assim que voltou do trabalho, à noite.

(Um parênteses: aqui, mais certinho seria "meu irmão havia lavado a louça que eu DEIXARA na pia...", mas eu fico meio assim de usar o pretérito mais que perfeito, pode soar formal demais. Sabe o que é isso? - Trauma de ter sido obrigada a ler Guimarães Rosa e José de Alencar com 12 anos de idade. Belo incentivo ao hábito literário. 90% da turma saía com a convicção de que ODIAVA ler.

Veja bem - continuando entre parênteses -, nada contra os grandes escritores; o problema é OBRIGAR qualquer adolescente a se concentrar numa literatura lenta e rebuscada, enquanto o coitado mal consegue se concentrar nos artigos coloridos das revistas preferidas.)

Mas, voltando à louça que eu DEIXARA na pia: a surpresa da madrugada foi encontrar tudo limpinho, como num passe de mágica. Eu não disse que toda madrugada é insensata?

Meu irmão lia para mim, quando eu era pequena, uma historinha chamada "Pedrinho vai ao médico". Era de uma coleção de livros azuis que tínhamos em casa. Havia outras histórias, mas eu insistia na do Pedrinho, e, por mais que já soubesse o final, adorava ouvir de novo, e de novo, e de novo.

Se ele mudasse alguma coisa no texto, de improviso, era só para chamar minha atenção. E eu reclamava - não é assim!! Agora o médico vai ouvir o coração do Pedrinho!

Hoje eu adoro quando ele muda alguma coisa de improviso.
Na guitarra ou na pia da cozinha.

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