Conflitos
Não tem graça nenhuma você, com a chave na mão, como quem vai embora, conferindo a carteira e os bolsos para ver se lembra onde escondeu a alegria.
Fosse eu mais romântica um pouco, tascava um beijo de despedida e mandava o outro olhar no espelho, ver se acaso achava ali a alegria perdida. Em vez disso, careço da meiguice apropriada; já nasci assim meio desajeitada, nunca sei o que fazer com as flores. Tenho medo de apalpá-las demais e aquilo me queimar, eu derreter, Deus me livre, derreter.
Pior você, que não ajeita nem desajeita, não parte e não ata, não chora, não implora e não se evapora logo embora. Pior você, pouco honesta, indo e vindo, a emoção balançando no céu e a razão atirando pra matar.
O último coração que amou e a cabeça mandava dizer que era mentira e era mentira, o pobre batucava mais que tamborim no sambódromo, mesmo assim era mentira e era mentira. Até que o vivente se achou exausto do bate-boca e ordenou: decidam vocês!
Não deu meia hora, saíram abraçados – cabeça e coração. Que briga sem platéia não tem graça.
Ora, o conflito sempre vai haver; o que não pode é ficar dando trela pra ele.
Azuis desmaiados
Há 5 anos
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