01 março 2003

COMO tem sido confortável sair pela cidade, agora que nossa governadora cor-de-rosinha tratou de despachar o único bandido do Rio de Janeiro para o interior de São Paulo. Sabe, sinto-me tão segura!

Na MADRUGADA de hoje, por exemplo, vários homens metralharam um ônibus da 1001 que se dirigia à cidade de São Paulo. Eu mesma já tomei esse ônibus algumas vezes; a viagem sempre foi muito confortável, com lanchinho e tudo. Só não havia balas.
Será que, hoje em dia, a passagem está mais cara por conta do chumbo?

Neste CARNAVAL, vou ficar por aqui mesmo, alimentando minh’alma com algum livro velho e tomando porres de leite gelado com Nescafé (sim, eu gosto disso, e daí?).

Quando muito, darei uma voltinha na praia, para não dizer que não falei das ondas. E só.

Não irei ao sambódromo, não saracotearei ao som dos tamborins n’algum bloco carnavalesco, desses que arrastam multidões suadas e embriagadas pelas avenidas da cidade, nem tampouco me renderei à modesta marchinha que, por certo, reinará absoluta nos quiosques do Recreio dos Bandeirantes. Não.

Provavelmente, o máximo da minha folia será uma corridinha no calçadão - providência muito bem cabida em dias de fuga, no caso, fuga das próprias marchinhas, dos quiosques e de banhistas exaltados e desafinados gritando mamãe eu quero, mamãe eu quero, mamãe eu quero, sabe-se lá com quais intenções.

A meteorologia promete tempo bom, e eu prometo não atrapalhar a festa de ninguém, desde que não venham mexer comigo, que não estou boa. Tenho pensado em voltar a praticar artes marciais, atividade esta que me acompanhou pela infância e adolescência, e da qual tenho sinceras saudades há muito.

Não que a minha adolescência seja uma coisa assim tão remota, bem entendido fique.

Caso é que, munida de meus impulsos marcianos, digo, marciais, ainda mais em tempos de violência urbana tão intensa, confesso que ando mesmo investindo contra meu próprio travesseiro, no intuito de me preparar para eventual combate, nunca se sabe. Penduro o penoso pelo pescoço, digo, por uma ponta, ato ao mais alto local das grades de minha janela, de modo que o inimigo fica ameaçadoramente parado diante de mim, encostado na parede, mais ou menos à altura da minha cabeça.

A partir daí, começo a esmurrar o canalha, digo, o meu travesseiro, e não paro enquanto o infeliz não pedir água. Está certo, ele não pede água. Mas é como se fosse.

Meu treino não tem sido muito intenso, posto que recém estou no início. Coisa de duas horinhas, e me dou por satisfeita. Tende a melhorar.

Portanto, estou avisando. Meu plano é não boicotar a folia de ninguém. Vou dar uma corridinha na praia. Na minha.

Contudo, o primeiro safado que vier com “QUE SAÚÚÚDE!” vai ficar sem a sua.


p.s.: Denise, decida logo o tema, que assim eu tenho o que fazer no carnaval!

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