24 maio 2003

Ricardo diz que estou enigmática. Acho que estou mesmo, até pra mim. Cada sonho...
Essa noite, sonhei que estava de mãos dadas com um ator da Globo, gaúcho, mais que quarentão. Não é o Werner, é outro.

Aniversário do meu irmão foi assim, agradável, em família – ou “em banda”, o que é mais apropriado se dizer, mas já virou tudo a mesma coisa. Encomendei salgadinhos na Rose, aqui do Recreio, e uma torta de chocolate trufada. E fiz uma coisa que eu chamo de canapé... Os meninos se esbaldaram.

Aliás, meu irmão apagou uma velinha de 19, comprada pela namorada. Como o amor é generooooooso...

Não vou revelar a idade dele. Mas, quando ele tinha 19, eu tinha 15/16, namorava um cabeludo de 20, dirigia um Buggy amarelo-ovo para lá e para cá, toda prosa, e tocava guitarra numa banda de rock.

No meu aniversário, fui apresentar meu namorado a meu pai. Aqueles momentos difíceis, mais para o moço cabeludo do que para mim. Ambos olhamos para minha melhor amiga, e dissemos: “tu vem junto!”

Ela já conhecia meu pai há um tempo, seria mais fácil quebrar o gelo com alguém por perto.

Fomos, a três. Chegada a hora, anunciei: “Pai, este é o fulano!”

E meu pai, olhando para ele e para ela ao mesmo tempo: “Ãhn? Qual delas? Esta, ou esta?”

O cabeludo avermelhou, e minha amiga gargalhava compulsivamente. E eu, embora não estivesse na dúvida, também não soube o que dizer.

Que situação mais injusta, eu fico pensando. Porque o fulano, por mais que quisesse, jamais poderia se dirigir ao pai da moça nestes termos:

- O senhor me desculpe, mas o único veado aqui é o senhor.

Pobres aprendizes de genro, já começam a engolir os sapos desde muito cedo. Trata-se de uma vingança que se prolifera ao passar das gerações; o genro, um dia, se tornará sogro. E a maldição segue, implacável.
Mas, como eu dizia, foi nossa época de (amarelo) ovo. Já quebramos a casca e a cara, já cantamos de galo, já galinhamos o suficiente.

Agora estamos tão convictos de nossa “adultice”, que enchemos a casa de balões coloridos e fizemos uma festinha toda decorada de... Homem-Aranha.

Com direito a painel na parede e chapeuzinho, claro. Senão, que graça?

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