As coisas do meio
Alguma coisas são poéticas. Algumas, patéticas.
E algumas outras coisas são apenas outras coisas - que não são nem belas, nem feias; nem lindas, nem escabrosas; nem divinas, nem diabólicas. Não podemos jogar a culpa em ninguém, porque não há culpa. Não podemos sequer nos culpar. São coisas do meio.
Dessas coisas eu fujo como diabo da cruz, porque elas me tiram o sono. Diante dessas coisas, que chegam pelo meio, sem fazer alarde, eu me sinto impotente – uma burra farta de pensamento, mas fraca da cabeça.
E não há como desviar. Quando o tiro é silencioso e certeiro, não há esperneio e não há ataque epilético que te livre da bala. Coisas do meio.
Aí nos damos conta de como vivemos pelos cantos, acomodados em extremos, o stress e o relax, o ódio e a paixão. Nossos cantos da vida, os becos, as quinas, confortáveis esquinas da nossa falta de intimidade com o meio. Nossa percepção se acomoda fácil nas vielas; não somos lá de muita expansão.
As coisas do meio são as melodias que não se encaixam. Nos cantos.
Azuis desmaiados
Há 5 anos
Nenhum comentário:
Postar um comentário