22 agosto 2004

Eu e meus desligamentos


Meu pé já ficou roxo, verde, azul, amarelo e marrom. Já inchou e desinchou mil vezes. Já doeu, aliviou, fez que ia melhorar, piorou de novo, fez que ia piorar de novo, e melhorou outra vez.
Agora, deu para estar vermelho.

Só posso concluir: depois de tudo que me aprontou nesses últimos dias, está é morrendo de vergonha. Com toda razão.


Coca Light

Vocês viram a cor da nova garrafa de Coca Light???
Trata-se de um prateado meio cinza-azulado, fosco, impossibilitando que se veja o conteúdo. Não sei por quê, parece uma garrafa de astronauta.

É futurista e misteriosa demais para a minha bolinha. E se eu comprar coca light e vier outra coisa dentro? Como, por exemplo, algum suco natural bem saudável? Que garantia eu tenho?

Bah, sou muito ressabiada e prefiro, portanto, a transparência dos frascos.
Aliás, nos sentidos líquido e humano.


No salão

A moça que fazia as minhas unhas, depois de lixar as da mão esquerda, pegou a direita e levou um susto:

- Ué! Tá diferente!
- O quê?
- As unhas. De uma mão são maiores e mais bem formadas que de outra!
- Ah, sim. Isso é porque eu toco muito violão...
- E fica assim, é? (Incrédula)
- Fica. A função de cada mão é diferente, acaba gastando as unhas de modo irregular.
- Ah. (Olhando a mão). E você toca muito mesmo, né?
- Bastante.
- Mas você também canta?
- Canto, sim.
- Aaaah, bom!

Realmente, ela estava aliviada por saber que eu estragava as minhas unhas num violão, mas, pelo menos, cantava. Era como se uma coisa justificasse a outra. Se ela canta, está liberada.

Isso me lembrou de uma história que ouvi do Yamandú Costa, violonista gaúcho virtuoso. Ele dizia que, quando pequeno, tocava violão o tempo todo dentro de casa. A avó ouvia, e parecia mais intrigada que admirada. Certa feita, indagou:

- Tá tudo muito lindo, meu filho. Mas será que você não podia cantar, umazinha só?

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