23 setembro 2004

Meu pai tomou conta do blog


Sem mais a dizer, segue o e-mail do papai, abaixo.


"Bíbi,

transcrevo o diálogo que tive com um qüera almofadinha - deve ser paulista - que esteve aqui em casa se dizendo Inspetor dos Correios. Pois o moço teve a coragem de querer me chamar atenção por ter mandado uma caixinha de ovos para rechear os xis que mandei pra ti - Bíbi com acento no primeiro i - e para o teu irmão.

Primeiro, disse-me que eu tinha infringido a lei, e que ele estaria atrás de uma indenização para os Correios. Retruquei de pronto, dizendo a ele que eu era advogado, conhecia a lei, e, pelo que soube, quem estava me devendo uma caixa de ovo era – exatamente - o Correio.

O moçoilo retrucou, dizendo que havia uma Portaria proibindo remessas de alimentos perecíveis via sedex. Eu lhe disse que portaria não é lei, pelo menos aqui no RS, e que os ovos eram de boa qualidade e do tipo caipira. Ele gaguejou um pouco e tentou me dizer que, caipira ou não, todo ovo no compartimento de carga do avião, a 9.000 m de altura, estoura, pois não há pressurização.

Disse-lhe então que não entendia nada de aviões, e que sempre viajei neles sem preocupação com os ovos, se estourariam ou não. De mais a mais, achei que pelo sedex-10 a caixa iria no colo do piloto, isso pelo preço que cobram e pela propaganda que fazem.

O índio retrucou que eu poderia ser enquadrado na lei de segurança nacional ou até em crime internacional de atentado a aeronaves. Imagina só, Bíbi, eu mandei uns ovos e poderia ser enquadrado junto com as ações do Bin Laden!!!

Me enchi da conversa e mandei o guaipeca embora. Da próxima vez que te mandar outros produtos, vou procurar a Fedex - nada a ver com fedorento -, que poderá prestar melhores serviços que esses do nosso Correio.

Grande beijo.
O Pai"
***

Glossário (gauchês para leigos):

QÜERA, s. e adj. Indivíduo destemido (neste caso, dando chance ao azar).

ALMOFADINHA, s. e adj. Indivíduo paulista.

PAULISTA, s. e adj. Indivíduo almofadinha.

PS: As expressões acima destacadas não refletem a opinião desta autora. É coisa de pai, entenda-se.
Se puder.

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