28 abril 2005

Corja de incompetentes

Comprei a calça jeans. Não foi barata. Usei poucas vezes. Começou a descosturar o bolso, do nada. E o cós também. Eu bufo, tu bufas, ele bufa, nós bufamos.

Bufando, fui ao lugar onde eles supostamente concertam roupas. Mostrei – aqui e ali, assim e assado -, expliquei o ocorrido, com a maior calma. Dá para arrumar isso? Sim, dava. Que eu fosse buscar dali a três dias. Combinado. E pago, inclusive.

Volto lá hoje, a moça demora a achar, mas acha. E a calça vem parar nas minhas mãos. Um pedaço do cós está arrumado. O bolso, do mesmo jeito. Ali adiante, ainda no cós, um trecho permanece descosturado. Eu bufo, tu bufas...

- Olha só... (inspiro)... aqui ficou um pedaço aberto, aqui ficou outro... (expiro)...

A moça olha bem para a minha cara, com jeito de quem pensa: “Ô, perua nojenta! Nunca está satisfeita, não??”. E vai lá para os fundos, consultar a costureira-com-cara-de-jabuti-lesado. Costureira olha por cima dos óculos, com desdém. Examina a calça. Mexe, remexe, faz um biquinho de insatisfação.

A moça volta e me diz:

- Ela disse que só tinha visto aquela parte... tem como cê buscar amanhã??

Eu sei. Eu sei que devia ter acertado a sombrinha no meio da testa da costureira, criando assim o primeiro jabuti unicorne da Terra – ia dar no Globo Repórter e tudo, eu sei, perdi essa.

Mas meu dia foi difícil. Fui dormir lá pelas tantas da madrugada, e me acordei às 8h da matina com um megafone estourando meus tímpanos - o sujeito anunciando/ameaçando que ia ter feira, de hoje em diante ia ter feira, legumes e verduras pelo melhor preço... e os fiadasputa vão escolher logo a praça em frente à minha janela para fazer isso! Tá bem.

Aí a minha disposição não vai até as 3h da tarde, sobretudo para golpes mais bruscos, como o da sombrinha na testa do jabuti. Ocorre que resolvi aceitar, volto lá amanhã, ou depois, ou qualquer dia desses, e pego a maldita calça que nem sei se eu quero mais.

- Mas só depois das 20h, tá?

Dá vontade de morrer... Só para voltar à meia-noite e puxar o pé dela, eu digo.

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