31 maio 2005

Cinema - Melinda e Melinda (o novo do Woody Allen)


A crítica considera “o retorno da inspiração de Woody Allen”. Eu achei insosso. Para uma comédia dramática (que pretende ser), não diverte, tampouco comove. Ouvi risos na platéia, é verdade. Mas – perdoem o azedume - não vieram de situações que os justificassem.

O que eu vi foi muita comédia física (como no momento em que o sujeito está espionando o quarto da amada, e, acidentalmente, prende um pedaço do robe na porta), e também ouvi muito clichê. Um ou outro bom momento, com texto inteligente e atuação de acordo. Em geral, nem isso.

Talvez o pior de tudo seja Will Ferrel (na foto abaixo, com Woody Allen), tentando imitar o próprio – sem sucesso. Constrangedor.



***

Silêncio de Clint



Assisti a uma entrevista com o Clint Eastwood, muito legal, num programa exibido pelo Multishow. Chamou minha atenção o fato de ele fazer um certo elogio ao silêncio, dizendo coisas como: “gosto muito mais de ouvir do que de falar”.

Mas este foi o melhor momento: quando perguntado se era verdade que ele, enquanto diretor, não gritava coisas como “AÇÃO!” e “CORTA!”, respondeu:

- Verdade. Digo somente “ok, agora gravando”, ou então “ok, era isso por hoje”...
- E por quê?

Contou que aprendera com os filmes de bangue-bangue, quando tinham que contracenar com cavalos. Ele era um ator iniciante. Os cavalos – explicou – ficam muito tensos no set, e é difícil enquadrá-los conforme a necessidade do diretor. Uma vez enquadrados, a equipe sentia um alívio – ufa, vamos poder começar a filmar!

Aí, entrava o diretor e gritava, histérico: AÇÃÃÃO!

Resultado: os bichos se estressavam, e saíam todos da marca. Era um inferno. Tudo de novo.

“AND... ACTION!!!”

E ele pensava: Deus do céu, será que não dava para começar a filmar sem essa carga extra de adrenalina, que só serve para inibir – cavalos e atores?

E ele, então, virou um (o único) diretor que não grita. Aprendeu com os cavalos.

Adorei isso.


Silêncio de Waters...


E tem outra sobre silêncio. Roger Waters, também numa entrevista para a TV, disse que a coisa mais importante que ele ensinava para as bandas que passou a produzir – depois de sua saída do Pink Floyd – era a noção de pausa: “Vocês têm que deixar alguns compassos para a canção respirar” – teria dito, no afã de desacelerar os novatos afoitos.

Os cavalos certamente agradecem.

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