30 maio 2006

Bom de concha


Outro dia comentei aqui que não sei por que os cantores e as cantoras insistem em preencher suas músicas com excessivos ooooouuuiiiééé, huuuummm num num, néééu réu réu, etc – quando, é evidente, há fartura de bons letristas dando sopa por aí.

Depois fiquei me perguntando: sopa de letristas? Onde mesmo? Às vezes a gente esquece, mas depois lembra. Tem, sim.

Ontem eu fui assistir a um show de um carioca maneiríssimo (como dizem os próprios), o Cláudio Henrique
, que está lançando seu segundo CD – Número Dois, pela Universal. Trouxe para casa boas colheradas da tal sopa.

Aliás, no caso dele, boa e farta sopa. É o máximo quando a gente topa com um letrista que não fica de frescuras e enche logo a concha: assim é o Cláudio, do tipo que faz crônica musicada. Conta (e canta) histórias cômicas e dramáticas, com desfechos inusitados; refrões com ponto de interrogação e melodias sortidas que respondem – e deixam no ar ao mesmo tempo. Bom de concha, bom de verso.

Olha só o “Nego Besta” dele:

“...
Mas o tempo passou
E quando era moço foi soldado
Saiu do quartel revoltado
Trocou o penteado
Por trancinhas Djavan”

Perguntou se gostei do show. Digo que foi das melhores coisas que ouvi ultimamente, ele dá um riso e agora segura a concha: “Tá, não exagera”.

É sopa??!

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