16 junho 2006

Sangue, bunda e adjacências

A vampira que me furou nem mostrava os dentes.

Fico nervosa nessas horas, olho pela janela, respiro fundo e nada adianta. Quando elas amarram aquele elástico no braço da gente e começam a procurar a veia, cruz credo, que sensação horrorosa. Algodão com álcool. “Olha, é descartável” – ela me mostra a seringa, e quem disse que eu quero olhar?

Se é descartável ou não, veja bem, se você diz que é eu acredito piamente. Tô em condições de questionar? Fura logo e acaba com isso, bandida!

Começou a puxar tubos e mais tubos do meu sangue, não queria mais parar. Perguntei se ia sobrar alguma coisa para mim. Ela riu, mas nem mostrou os dentes. Graças a Deus. Minha mãe observava com cara de dó.

Sim, eu levei a mãe, confesso. Sempre levo, sobretudo nestas duas ocasiões: hemograma e quando vou posar pelada. Mães ficam nervosas pela gente, é ótimo, terceirizamos o pânico e fica tudo bem. Minha mãe até bufa por mim (eu gosto muito de bufar, me acalma).

A última vez em que posei pelada eu tinha um ano e meio. Agora estou dando um pequeno intervalo, devo posar outra vez aos, sei lá, 40. Chiquérrima.

Até lá eu tenho algum tempo – se bem que passa rápido, é o que dizem -, posso malhar muito, fazer todos aqueles tratamentos em que a bunda esquenta, depois a bunda esfria, depois gela, depois amassam a bunda, depois dão choque, depois alisam, depois passam alguma coisa bem cheirosa e a gente sai de lá com uma bunda que, vou te contar, é praticamente outra bunda! Sem falar nas coxas e adjacências.

Você sabe, mulher é cheia de adjacências.

Não que adiante alguma coisa, pois os homens só olham mesmo é para a bunda.

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