14 julho 2006

Balcão de padaria

- Eu queria um pedaço desse queijo Minas aqui, ó. Ele é novinho?

O rapaz me olhava, mudo. Tentei de outra forma.

- É velho?

Mudo.

- O queijo... é antigo?

Olhei fixo e fiquei esperando, parecia pegadinha. Ele me olhando, eu olhando a cara dele, e o queijo no meio de nós. Até que ele ressuscitou.

- Ó, dona, tem esse outro aqui que chegou hoje... Mas aí só posso vender o queijo inteiro.

Tudo bem que estou grávida, mas o queijo era para trigêmeos.

- É muito. Mas esse aqui, que está cortado, é de quando? Qual é a validade dele? – insisti.

- Deixa ver... É dia 21 de juio.

- Hein?

- 21 de juio.

- Junho ou julho?

- Ju-iô! (Decerto pensando: mulher surda!).

- Querido, então já está vencido, é isso?

- Não, senhora. Ainda vai vencer. Dia 21 deste mês.

Levei o queijo. Venceu-me o balconista, de lavada.

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