28 agosto 2006

Mais para baixo

Aqui em frente à janela do meu quarto (primeiro andar, lembrem-se) estão alguns rapazes, munidos de marretas, a abrir buracos no solo desde manhã cedinho até o cair da tarde.

(Uma mulher grávida sente muito sono. A tarde tem caído meio de lado ultimamente).

Mais adiante há outros buracos, e outros rapazes, e outras marretas, e muita sinalização em volta – de modo que não se enxerga nada do que há no meio, porque é muito bem cercado. Mas intui-se, pelo áudio. Uma pena que não tenham inventado cercas que isolem o barulho. Isso, sim, levaria meu voto.

Hoje cheguei em casa e perguntei ao meu sempre atento irmão:

- Isso aí é para fazer um bom esgoto?

Ele deu uma espiada e estalou o beiço, cético.

- Duvido. Deve ser apenas para empurrar as merdas mais para baixo.

Empurrar as merdas mais para baixo. Tá parecendo, Deus me perdoe, uma metáfora política do que nos aguarda em outubro – e em 2007, naturalmente.


Mais para cima

Essa minha empolgação alimentícia, superada a fase dos enjôos da gravidez, resultou em histórica disparada no ponteiro da balança rumo a caminhos pouco desejáveis, sobretudo porque ainda estou no (final do) quarto mês de gestação. A criança que me habita o ventre pesa algo em torno de 25gr., e provavelmente é ainda menor que um Playmobil, ou seja, não justifica um aumento do volume interno – vamos dizer assim – do modo como se apresentou, implacável, diante dos olhos do (ai) obstetra.

- É. Vamos controlando isto.

“Isto”, no caso, sou eu. Aliás, nós.

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