14 março 2009

Origens e Modernidades

Todas as letras do meu computador aumentaram de repente, e eu não tenho a menor ideia de como fiz isso. Eu ia dizer “a fonte” (das letras) aumentou, mas, francamente, certas expressões não conferem muito com as minhas impressões sobre elas – sou do tempo que fonte era coisa de água e não de letra. O que é que a gente tem que engolir em nome das maravilhas de modernidade.

Por mais que eu tenha blogs há 7 anos e navegue na internet desde 1995 (!), continuo me achando uma pilota de carroça, chacoalhando e abanando as moscas enquanto – me parece – o resto do mundo faz “assim” com o dedo, e é o que basta para o bicho (a máquina) responder a contento sem pestanejar. Comigo é nos cascos; não sei se me falta uma mandinga qualquer ou se é coisa pessoal mesmo.

**
No Sul, nós temos muito essa intimidade com os cavalos, por isso fiz a referência. Não digo nem o bicho físico. Mas a ideia, os termos, tudo isso que forma o imaginário equino do gaúcho e acaba orientando sua conduta pela vida afora, mesmo que vá trotar por outras bandas, como foi meu caso e de tantos conterrâneos que identifico pela bandeirinha na traseira do carro. Lá vai o(a) gaúcho(a)!, digo para mim mesma, como se de um primo se tratasse. Bah, nunca vi mais gordo.

É tão engraçado como nos sentimos unidos quando moramos longe dos “pagos”, e sobretudo quando guardamos distância segura uns dos outros – de modo a nos livrar desse tipo de piadinha irônica que acabo de fazer aqui, por exemplo, e de outras bem piores. Nós, gaúchos, temos o costume de nos espetar mutuamente quando estamos próximos, e só há um motivo para isso: é que, quando estamos distantes, não conseguimos.

Piadinhas à parte, ao contrário do que se pode imaginar, em inúmeros casos essa troca de farpas é sinal de carinho explícito. Ou não.

**

Mas, voltando às patas do teclado, levo fé no entendimento que nos unirá, cedo ou tarde, em doce harmonia, já que me empenho sincera e humildemente em construir uma relação sadia e produtiva para ambas as partes. Olha que já se vão anos, e sigo me esforçando. É verdade que não tenho recebido muito apoio. Mesmo assim, persisto. Colaboração nenhuma. Apenas atitudes mesquinhas, egoístas (aumentar e diminuir o tamanho das letras sem me consultar, confundir maiúsculas e minúsculas, para dizer o mínimo). Não há de ser nada, não me abalo. Ainda que não receba consideração, sequer piedade...

(A coisa dos cavalos é mesmo de origem gaúcha; já esse dramalhão descarado vem do meu bisavô italiano e dos que dele descendem. Nada disso culpa minha, esclarecido.)

Um comentário:

Tácio Oliveira disse...

Há um (muitíssimo) conhecido meu que quando pequeno disse:

-Mamãe, quero um cavalo!

-Menino, morando em São Paulo, onde raios vamos guardar esse bicho?

-Na garagem, oras!

Soluções simples que só encontramos enquanto bebês...

Beijos.
Tácio

Ps- Muito pouco contextualizado com o post. Mas seus textos sempre me trazem boas lembranças. Outrobeijo.