17 maio 2003

Vocês não têm me visitado com a regularidade desejada, mas nem vou reclamar. Estou mesmo aquém do que meus amigos virtuais consideram uma moça boa de blog. Tudo bem, tudo bem. Não vou reclamar, já disse. Só um choramingo básico, tipo charme, que é para eu não perder o hábito.

(Fungada)

O que fizeram com aquele moço, o Marcos Pasquim, foi realmente algo assim meio estranho. Primeiro, deixaram o cabelo dele crescer, sujando um pouco aquela cara de bom moço; o que conta pontos a favor, claro.

Conseguida a façanha de transformá-lo em um homem interessante, decidiram fazer ainda “melhor”: o papel dele se destina a esbofetear as pessoas na rua, sem muito critério, a fim de (creio eu) tornar as cenas “de ação” mais atraentes. Blargh! Tudo em vão.

Quando vi o Marcos Pasquim de cabelo crescidinho, barba mal feita e óculos na cara, parei ali mesmo, interessada. Mas, quando ele começou a descer o pau na metade do elenco masculino da novela, minha esperança foi por água abaixo. Quanto mau gosto.

Não que eu espere grandes textos de uma novela, sobre tudo das 7h. Mas, pelo menos, as cenas de pancadaria gratuita, no maior estilo decadente-Van-Damme-de-ser, poderiam ficar de lado nesse horário tão juvenil.

Claro que estou equivocada e iludida; que o Jô Soares vai dizer que a televisão não influencia o comportamento das pessoas, que “todo mundo” (?) gosta de cenas violentas, etc. Já sei, já sei, tudo fica por isso mesmo.

A violência, afinal, é uma mazela social muito antiga, que é fruto da má distribuição de renda neste país, da falta de recursos nas camadas mais pobres da população, da falta de educação, blá, blá, blá. E, quanto aos mauricinhos malhados da Zona Sul, que tomam bomba nas academias e vão para as boates encher de porrada o primeiro que olhar para as curvas das suas namoradas, a isso se dá uma explicação psicológica muito elaborada, típica das nossas cabeças geniais do século XXI, que pode ser reduzida, em última análise, a uma só frase:

- É falta de Prozac.

13 maio 2003

Vamos lá, eu não estou legal.

Mas não é aquele “não estou legal” fechado, denso, sujeito a trovoadas. É apenas um – dá licença de eu não estar legal? Obrigada.

Nada vai explodir; eu não vou pensar que a vida não vale a pena, nem vou me atirar pela janela, nada disso. Talvez coma um chocolate, ou dois, ou três, e depois fique com a herança do mau humor, pequena e amarelada, bem na ponta do meu nariz.

Minto! A única explosão será esta, e talvez ela seja a pior de todas: a explosão do espelho.

Sonhei que alguém me perguntava: “vem cá, quanto tempo faz que você não chora, hein?”.

Não sei, não lembro. Não é meio pecaminoso chorar num mundo onde os livros mais vendidos trazem receitas “tiro-e-queda” para ser feliz? Que motivo há, afinal, para que o sujeito não se sinta completo, se, hoje em dia, é até possível trocar o refrigerante por um suco na sua Mac Oferta?

Outro dia eu passei numa banca, lá no Catete, e comprei a revista Nova, que eu não lia há anos, acho que desde a adolescência. Pois eu deveria ser contratada para trabalhar como ombudsman dessas revistas femininas. Taí, vou escrever para esse pessoal.

Faz um tempinho, também, que eu não consigo rezar direito. Sim, porque eu costumava rezar, mas ando meio dispersa até nisso. Deus que me perdoe, mas é a pura verdade.

Viram? Nem um texto eu consigo terminar com clareza, acabo misturando os assuntos.

É como se terminasse uma oração assim:

O pão nosso de cada dia nos dai hoje, perdoai as nossas ofensas assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido, mexendo o tempo todo em fogo brando, acrescentando sal a gosto, até que a morte nos separe, amém.

Rende quatro porções.

***

Dizem que o Garotinho anda declarando que, durante seu governo, investiu muito em educação. Prova é que, antes, as balas eram perdidas. Agora, estão ingressando na universidade.

11 maio 2003

MAMÃE !!!

Mãezinha, tua filhota te ama muitíssimo, e está com saudades. Parabéns pelo dia de hoje, e por seres assim tão poderosa e linda e querida e vitaminada e sarada e inteligente e cheirosa e carinhosa e linda outra vez.
No ano passado eu estava aí para te incomodar com minhas brincadeirinhas, meus beijinhos e minha imitação do Tubarão (tan-tan-tan-tan-tan-tan, lembra?). Infelizmente, neste ano o Tubarão está, literalmente, aqui no Rio, mas te manda zilhões de carinhos via Embratel.
BEIJO, MÃE !

08 maio 2003

Bobagenzinha muito legal

Clique aqui, depois vá em "Astrologia Reversa" e faça o teste.

Consiste em responder algumas questões sobre a sua personalidade, e depois ver se o seu signo corresponde mesmo ao jeito como você é. É muito engraçado.

No meu caso, deu que provavelmente eu sou do signo de Peixes. E que eu jamais seria de Leão.
Sobre o meu verdadeiro signo (que eu saiba), Sagitário, eles advertem:
"Não é verdade. Consulte seus pais sobre sua verdadeira data de nascimento."

Depois, quando eu digo que a culpa é de mamãe...
Recadinhos Básicos:

- Duda, querido, não tenha pressa...
- Xandy, amei te ver aqui.
- Ricardo, obrigada pelos ELOGIOS! Posso te ligar quando eu ficar deprimida, para você me lembrar deles?? (risos)
- (ma)Luka, eu estou ótima, graças a Deus. E a senhorita? Treinando para aquele futebol que marcamos, mas nunca jogamos?
- Paula: vamos trocar figurinhas de esquisitinhos um dia?
- Carolzinha, sua atrevida! Sem comentários!! Saudade de falar contigo, guria.


Sortuda da Semana:

Camila Pitanga.
Hohoho
Aqui no Rio, à noite, tem feito um friozinho de gelar a ponta do nariz. Fico ali na varanda, de moletom, sentindo o cheiro do amaciante nas roupas limpas, olhando a lua pela metade e as Três Marias, naquela fofoca celestial interminável.

Meu sonho de consumo é um laptop; ainda acho que o melhor lugar para escrever é na cama.

Estou apaixonada por uma melodia do Paulinho da Viola (pareço velha falando “uma melodia”, mas é isso mesmo que quero dizer), chama-se “Para ver as meninas”. Sabe quando passa um dia, e outro, e outro, e aquilo fica cantando nas entrelinhas da consciência? Pois é.

Às vezes eu pego o violão e toco, e me decepciono com a minha incompetência. Tem gente que considera os próprios limites um desafio; eu tenho vergonha de dizer isso, mas sofro de uma preguiça homérica e devastadora. Até pecado. Fazer o quê?

Há tanta coisa para se entreter na vida, que dispersa. Eu admiro aqueles virginianos obcecados e perfeccionistas, e admiro os geminianos práticos e geniais, e os arianos que vão abrindo o caminho com a cabeça, feito as cabras mesmo. Queria ter essa determinação toda, mas me falta a persistência. Acho que olho muito para os lados.

Sabe aquela história de viajar de trem e ficar olhando para os lados, né? Quando você desce, acaba ficando tonto, e cai. Se conseguir manter o olhar à frente durante o trajeto, quando descer, vai sair andando naturalmente, sem problemas.

Eu sei que vocês gostam mais quando eu escrevo coisas engraçadas.

Então eu vou contar uma coisa. Ontem, gravei toda uma música no computador (só a voz), e depois ouvi uma vez e gostei. Coisa rara. Antes de salvar “a melodia”, chutei a extensão que liga o estabilizador à tomada.

Tá bom, isso não é muito engraçado. Se tivesse faltado luz, pelo menos eu poderia xingar a mãe de outrem. Mas, chutar o próprio estabilizador?

Um terapeuta diria que isso é sintomático, e questionaria (eles nunca perguntam: “questionam”), afinal, que estabilidade é essa que você está desejando quebrar?

Não sei, eu diria. Mas ele diria: no fundo, no fundo, você sabe.

Talvez eu esteja mesmo querendo cortar algumas correntes.


p.s.: Por que há pessoas que insistem em mandar e-mails enormes que eu nunca pedi? Que falta de netiqueta!

05 maio 2003

“Big Man”, refrigerante e fritas


Tem uma reportagem na Marie Claire deste mês que se destina a revelar que nós, mulheres solteiras, não estamos sempre à procura de reverter esta situação. Que há muitas mulheres inteligentes, bonitas, bem sucedidas e até muitas sensíveis que preferem dedicar suas vidas a si próprias; ou seja, foi-se o tempo do medo de “ficar para titia”.

Até aí, tudo bem. O que me chamou a atenção foi perceber, através de alguns depoimentos, que estamos tratando os homens (nossos amigos, namorados, amantes e até maridos em potencial) com um capricho digno de comercial de fast-food:

- Posso trocar minha batata frita por uma salada?

Uma entrevistada garante que se relaciona bem com o sexo masculino: ela tem um amigo para ir ao cinema, outro para acompanhá-la nas compras, outro para longas conversas filosóficas, outro para dividir uma garrafa de vinho e outro, ainda, para transar de vez em quando. “Mas cada um no seu setor” -, completa.

Cá entre nós: será que não estamos exagerando um pouco? Desse jeito, não há ser humano que seja capaz de “preencher todos os requisitos”. Nós não aceitamos o “número um” ou o “número dois”, com tudo que tem direito, como veio de fábrica. Queremos um pacote personalizado, um homem à nossa altura, encaixotado e quentinho, pronto para o consumo.

Queremos amá-lo como ele é, desde que seja perfeito.

- Posso trocar o refrigerante por um suco?

- Pooode -, responde aquela voz acolhedora, simpática e deliciosamente fora da realidade. Sim, porque o “Big Man” com fritas e refrigerante (ou suco, ou água, conforme o gosto da freguesa) é tão humano quanto o Frankstein.

O título da reportagem já diz: “Mulher solteira não procura. Mas quer achar”. No fundo, bem no fundo, todas nós carregamos uma pontinha inconfessável de inveja daquele casal lindo que empurra o carrinho do bebê pela faixa de pedestres, justamente quando estamos apressadas, querendo que o sinal abra logo para chegarmos em casa. E o que nos espera hoje? Talvez um amigo-fritas, ou um amante-Coca-Light.

Está certo que ninguém precisa engolir sapo e arrotar príncipe, mas vamos pegar leve, e admitir que estamos morrendo de medo de perder o “status” de mulher moderna e independente, caso dê o azar de alguém nos flagrar indo buscar a cervejinha na geladeira enquanto ele assiste à final do campeonato no sofá.

Pior que isso: estamos é perdendo o talento para as relações humanas. Resolvemos entender das máquinas, das estatísticas e dos gráficos, e estamos anestesiadas pela exatidão de um universo que é tão fascinante quanto desumano.

Do jeito que a coisa vai, qualquer dia vamos injetar no travesseiro um “aroma artificial sabor homem”. E dormiremos tranqüilas, na segurança da solidão disfarçada de opção.

03 maio 2003

Eu criei este blog para exercitar a escrita, principalmente. E também para me exibir um pouco! - diria meu ego sagitariano, com a mão na cintura, batendo o pezinho e me olhando com cara de “arrá, te entreguei!”.

É vero.

Mas minha mãe, que mora em outro estado, diz que percebe o meu estado – não o geográfico, mas o de espírito – por essas mal traçadas linhas virtuais. Coisa que põe por água abaixo toda a minha pretensão literária, aliás.

Mas, não tem nada. Certa feita, eu devia ter uns doze ou treze, ao responder àqueles enfadonhos interrogatórios a que somos submetidas na adolescência, sobre “como vão os namorados?”, afirmei:

- Não tenho namorado, mãe, porque sou feia. E meninas feias não têm namorado. (O beiço de “Bibi, A Feia” ia daqui ao Arpoador).

Pensando que ela, como boa mãe, fosse enumerar minhas qualidades estéticas, redundando se fosse preciso, enfatizando talvez a minha pele de pêssego e o meu cabelo impecável (que até eu mesma achava bem interessante), caí do cavalo. O argumento veio em forma de um questionamento que me fez – e me faz – gastar horas aboletada num divã:

- Não tem namorado porque é feia? Então me responda: com quem os meninos feios namoram???

Silenciei, reflexiva e decepcionada. “Comigo, claro”, pensei. Para as meninas bonitas, homens bonitos. Para as meninas feias, homens feios.

Exagerei um pouco quando inventei de namorar um guitarrista cabeludo que não era lááá um exemplo de beleza convencional, ou, por outra, usando uma expressão da moda – “fugia dos padrões”. Minha mãe se assustou com a minha escolha, mas não pôde esboçar um “ai”, já que o conselho, afinal, fora dela. E sempre fui muito de seguir as coisas ao pé da letra.

Ocorre que acabei pegando gosto por homens que “fogem dos padrões” (alguns se revelam verdadeiros maratonistas na contramão dos padrões vigentes, se é que me entendem, e é a esses que mais me prendo), justo por culpa de mamãe. Depois que comecei a fazer análise, tenho sentido confortante sensação de alívio, uma vez que 99% dos meus atos falhos, meus problemas e minhas eventuais cafajestices são, no fim das contas, culpa de mamãe.

Mamãe, que sempre foi minha referência feminina, seguiu sua própria lógica da estética, e casou-se com o bonitão do meu pai - um metro e oitenta e poucos, moreno, charmoso, etc. Ela, que sempre foi linda, abocanhou o vivente, filho de dona Manoela, com quem divide os lençóis até hoje.

Minha mãe já foi até Miss, contei a vocês?

Mas eu, por conta de uma crise de adolescência, fui condenada a flertar com tribufus, até que a morte nos separe.

Culpa de mamãe.

28 abril 2003

Bom dia !!!

Só passei para deixar um ótimo dia a todos vocês, bom início de semana e fim de mês.
E um link interessante (abaixo) sobre o nosso secretário de segurança. Vejam:

“Com toda certeza Garotinho está mirando na sua candidatura à Presidência em 2006. Ele estava querendo ser secretário de Segurança desde antes da eleição da Rosinha”, afirma o cientista político Luiz Antônio Machado, do Instituto Universitário de Pesquisas do Rio de Janeiro (Iuperj). “É a última bala do revólver”, sentencia.

leia mais

Beijos!

27 abril 2003

O Segundo Caderno


Aqui em casa, temos o seguinte código de ética: quando chega o jornal, o primeiro que o pegar deve, cuidadosamente, separar o Segundo Caderno e posicioná-lo no seu devido lugar -o banheiro.

O Segundo Caderno é somente lido no instante em que a pessoa estiver, digamos, acertando as contas com suas particularidades fisiológicas. Uma leitura leve, despretensiosa, perfeitamente cabível num momento de relaxamento, quando não se deve tomar sustos com a nova subida da gasolina, mais um tiroteio na Linha Amarela, ou ordens do tráfico. Nada disso. A fim de zelar pela regularidade e pelo bem-estar do intestino, elegemos as notícias culturais e os quadrinhos para esse período íntimo e introspectivo.

O Segundo Caderno já está tão arraigado no nosso cotidiano domiciliar, que se tornou parte das leis da família. É expressamente proibido, por exemplo, ler o Segundo Caderno no sofá ou à mesa. Quem o fizer estará sendo antiético e até mesmo anti-higiênico, uma vez que a prática dos exercícios fisiológicos está intimamente ligada à leitura desse pedaço do jornal.

Caso a pessoa queira “ler o Segundo Caderno” (entre aspas) mais de uma vez no dia, fica valendo a Lei da Substituição, ou seja: ela pode lançar mão do Caderno Barra (quintas e domingos), Revista da TV (domingos), Rio Show (sextas), Prosa & Verso (sábados), ou ainda Revista Megazine (terças).

Por absoluta falta de condição literária, portanto, fica sendo considerado grave delito o ato de evacuar duas vezes às segundas e quartas.

(Para melhor cumprimento dessa lei, também pensamos no cardápio: domingos e terças, nada de frituras ou muitos temperos).

Para se ter uma idéia do quanto é levado a sério o código do Segundo Caderno, outro dia uma amiga me telefonou, e minha cunhada atendeu. Absolutamente constrangida, falando baixinho, avisou:

- Olha... a Bibi está lendo o Segundo Caderno... hehe... eu peço para ela te ligar daqui a pouco, tá?

Minha amiga não entendeu o que poderia haver de tão sério naquela leitura, que não podia ser interrompida.

E não pode mesmo. O Segundo Caderno é coisa muito séria.
Ainda o cartão de crédito

Certa feita, clonaram o cartão do meu pai. E ele descobriu a tramóia num hipermercado, após encher o carrinho de compras, ao ser barrado no caixa.

Isso foi em Belo Horizonte, em 99.

O nome do hipermercado? Extra!

- Filha, li no teu blog a história do cartão de crédito. Lembra quando clonaram o meu? Pois é, foi justamente no Extra! Sabe o que estou achando? Que eles barraram o teu cartão porque já conhecem o histórico da família... hihihi!

Coincidência pouca é bobagem.
Alou!

O Carioca da Gema estava, como sempre, “supimpa”. Teresa Cristina e sua banda sabem o que estão fazendo. O bar estava lotadão, como sempre, mas dava para dançar. Com um pouco de paciência e boa vontade.

Minha cunhada dizia: “Tem que se impor! Tem que se impor!”.

Nos (im)pusemos na fila do gargarejo. Noite 10.

25 abril 2003

Quem vai saracotear ao som da Teresa Cristina, hoje, no Carioca da Gema?

Eeeeeeeu !!!

Saudade da Lapa. Você não vem?
Meu cartão de crédito estava bloqueado porque atrasei uns dias o pagamento. Paga a fatura, esperei uns dias, e liguei para a central de atendimento às 8h da manhã de ontem:

- Eu gostaria de saber se o meu cartão já está desbloqueado.

- Sim, senhora. Está pronto para as compras.

Fui a elas.

Meio-dia, estou com o carrinho do supermercado cheio, e empaco no caixa.

- Não estão aceitando o seu cartão, moça.

Fui ao balcão, de onde tentaram de novo. Nada.

Ligaram para a central, lá do supermercado, e me colocaram no telefone com uma atendente. Ela me explicou que o meu cartão estava bloqueado para compras, por conta do atraso.

Ainda calma, esclareci que tinham me dado uma informação diferente, e só por isso eu saí de casa para fazer as compras do mês.

Ela não podia fazer nada. E me passou para outra moça, que me ouviu e argumentou a mesma coisa, depois me passou para outra moça, que fez o mesmo, e depois outra, e outra... enfim, moças intermináveis, mas sempre com musiquinha no meio.

Nisso, já havia uma dúzia de gente ao meu redor - atendentes, ajudantes, clientes esperando para ouvir moças e musiquinhas, e ainda curiosos querendo saber como a caloteira aqui iria se virar, e pensando - "bem feito, pegaram!".

Para a Juliana, a última das moças, solicitei o cancelamento do meu cartão de crédito. Já que não se podia fazer nada para reparar um erro que foi deles, eu desejava cortar qualquer vínculo com a empresa.

- Mas a senhora é cliente há tantos anos...

- Por isso mesmo, Juliana, eu achei que merecesse respeito.

Foi tudo em vão.

Resultado: a Juliana quis negociar. Acabei não cancelando o cartão, mas ganhando o resto das anuidades de 2003 grátis, por conta do mal entendido.

Mas o mico que eu paguei devolvendo as compras depois de tudo, como eles próprios dizem, não tem preço.

Vou à justiça. Me aguardem.
O empresário Roberto Medina, que agora vai fazer o Rock in Rio em Lisboa (??), disse, em entrevista para o jornal O Globo, que ainda nem pensou nos artistas que irão tocar no festival:

- Isso não é importante -, esclareceu.

Depois, ainda completou o pensamento. Afirmou que, se tivesse colocado uma vaca no palco do RiR III, em vez de shows de rock, as pessoas teriam ido do mesmo jeito. Que o negócio é a mídia.

Uma vaca.

Meu irmão, naquele estilo zen-irritado que ele tem:

- Ué, se a mãe dele não ficar constrangida com o público, acho até uma boa idéia...
O ingresso para a peça Intimidade Indecente, com Irene Ravache e Marcos Caruso, custa R$ 40,00.
Bota indecente nisso!
Jô Soares entrevistando o RPM. Paulo Ricardo dizendo que, quando a banda acabou, ficaram todos com um sentimento de arrependimento - que ficara uma coisa mal resolvida, etc.

Detalhe: quando ele virou cantor romântico, dava entrevistas dizendo que tinha "se encontrado" com aquele estilo, que jamais pensava em voltar a fazer rock, que o fim do RPM tinha ficado super bem resolvido. A praia dele era outra, enfim.

Perdi o respeito.

E, outra: realmente, ele deveria ter continuado cantando aquelas baladas românticas, porque o que se apresenta hoje como RPM é uma caricatura desgastada pelo tempo, uma reles releitura desbotada daquilo que já foi uma banda de rock original.
Quatro quarentões, visivelmente constrangidos, tentando seguir uma linha que se perdeu no tempo - e, não adianta, não volta mais.

Algo como uma crise de meia-idade no mundinho pop.

Poderiam (e poderíamos) ter dormido sem essa.
Com essa do Garotinho, fiquei até desplugada, desconexa, desnorteada.
Rosinha, não. Rosinha só deslavada.

23 abril 2003

Buenas, macacada!

Faz uma linda manhã de outono carioca. Hoje é dia de São Jorge, salve Jorge, estou animada e ninguém tasca. Apesar de um mosquito ter me tirado o sono à noite, a zumbir melodias enfadonhas nos meus ouvidos enquanto eu tentava puxar o ronco sagrado que me é de direito - mas não tem nada, não tem nada, nenhum inseto desafinado vai me tirar o prazer de viver, sobretudo a esta altura do campeonato, quando o verão bate as botas tão lindamente no Rio de Janeiro, levando consigo temperaturas indecentes, aglomerações quase obscenas nas praias, e turistas azarados que só vêm engordar os índices de assalto nesta cidade maravilhosa, e depois ainda saem falando mal.

Deixem-nos, a sós, com nossas belezas naturais, nossas mazelas criminais, e que tais - e retornem a suas pacatas residências européias, de rotinas triviais, de motivos florais, e quintais.

Estamos muito bem, à beira-mar mesmo, ou nem tanto, afundando um barquinho ou outro, enfrentando um trânsito de balas perdidas, enfim: vivendo e aprendendo a jogar.

Agora vou ao mundo, e que São Jorge nos proteja das maledicências e dos urubus à toa.

Hohoho.

20 abril 2003

recreio dos bandeirantes - rj



Este é o lugar onde eu moro.
Convidei meus pais para morarem aqui comigo, mas eles resistem.
Pode??